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Maus-tratos contra idosos são geralmente cometidos por familiares

A residência é o local onde mais freqüentemente ocorrem os maus-tratos, e as principais formas são a violência psicológica, a violência física e casos de negligência. Poucos idosos agredidos denunciam a agressão às autoridades.

 

A violência contra idosos é um grave problema de saúde pública que, nos últimos anos, vem ganhando cada vez mais destaque. Ela pode assumir várias formas e ocorrer em diferentes situações. Na maioria das vezes, a violência ocorre devido à auto-negligência ou é perpetrada por um membro da família, o que pode explicar porque as vítimas tendem a minimizar a gravidade da agressão e se mostrar leais a seu agressor, freqüentemente negando-se a adotar medidas legais contra membros da família ou a discutir sobre esse assunto com terceiros. Isso é o que mostram Victor de Melo e equipe do Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira em um estudo realizado com idosos do município de Camaragibe, em Pernambuco.

 

De acordo com artigo publicado na edição de maio de 2006 da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, os pesquisadores observaram que 21% dos idosos responderam que haviam sofrido maus-tratos. A residência foi o local onde mais freqüentemente ocorreram os maus-tratos e os principais perpetradores foram os familiares. A equipe observou que 62,1% dos casos foram de violência psicológica, 31,8% de violência física, e 6,1% casos de negligência. Nenhum dos entrevistados referiu ter sido vítima de violência sexual. Quando perguntados sobre como se portaram diante do fato, a maioria dos idosos agredidos respondeu que não reagiu. Apenas 4,5% fizeram denúncias às autoridades. Um dado importante é o de que, apesar de 46,3% dos idosos terem dito que sabiam a qual órgão público poderiam denunciar a agressão, nenhum deles foi capaz de citar um órgão de defesa dos idosos.

 

“Os maus-tratos contra idosos foram descritos pela primeira vez em 1975, em publicações britânicas, e desde então têm sido tema de pesquisas científicas e alvo de ações governamentais em todo mundo, e no Brasil, especificamente, desde a última década. Com o envelhecimento da população mundial, esse tema vem adquirindo mais e mais relevância, sendo que o número de idosos em todo o mundo deve chegar a cerca de 1,2 bilhões, em 2025, e representar 12% da população dos países em desenvolvimento”, afirmam os autores no texto.

 

Os especialistas alertam para a importância da realização de campanhas de esclarecimento. “Os maus-tratos contra idosos no município (de Camaragibe, PE) apresentam-se como um problema relevante para saúde pública, pois atingem cerca de um quinto desse grupo populacional. Medidas educativas e de mobilização social poderiam ser implementadas com o objetivo de esclarecer a esse grupo os seus direitos, orientar quanto à atitude apropriada a adotar diante da agressão, facilitar a denúncia e a obtenção de apoio ou ajuda, buscar junto a sociedade uma sensibilização para o problema e sua participação na construção de uma rede de proteção ao idoso”, destacam no artigo.


Data: 08/09/2006