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Nanotecnologia na empresa: soluções pequenas e eficientes

Especialistas discutem na Inovatec como a nanotecnologia pode contribuir para a redução de gastos nas empresas. Parceria da CSN com laboratório gerou economia de US$ 107 milhões em 16 anos

A nanotecnologia agrega conceitos existentes há centenas de anos, interpretados por equipamentos modernos que permitem a manipulação de partículas microscópicas para a obtenção de novos materiais.

E se modernidade significa evitar perdas e aumentar a produtividade, a ciência do nano tem se adequado bem a esse conceito.

"Vivemos uma revolução em nível nanométrico que se estende praticamente a todos os setores industriais. Trata-se de uma corrida para a obtenção de produtos com materiais infinitamente pequenos, capazes de tornar a cadeia produtiva mais eficaz do ponto de vista econômico", disse Elson Longo, diretor do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fapesp.

O pesquisador paulista falou sobre o assumto em seminário realizado na terça-feira (12/9) na Feira de Negócios em Inovação Tecnológica entre Empresas, Centros de Pesquisa e Universidades (Inovatec), em SP.

Longo citou, como exemplo de projeto de sucesso, uma parceria feita pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) com o Laboratório Interdisciplinar de Eletroquímica e Cerâmica (Liec), do CMDMC, que funciona na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, e na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ambas no interior de SP.

Os pesquisadores aplicaram materiais nanoparticulados no cadinho, região inferior do alto-forno em que se acumula continuamente o gusa líquido produzido.

"Ao inserir nanopartículas de titânio nos poros de grafite do cadinho, conseguimos evitar a sua corrosão. Um alto-forno da CSN ganhou dez anos a mais de vida útil. Na prática, a companhia ganhou um forno novo", disse Longo.

O cadinho é considerado o coração do alto-forno. Ele é revestido com blocos refratários de carbono e o seu desempenho é vital para a produção de toda a usina. "Essa é uma proteção em nível nanométrico que contribuiu decisivamente para a redução dos custos de manutenção dos equipamentos", explicou o pesquisador.

Outro participante do seminário, José Arana Varela, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e conselheiro da FAPESP, ilustrou com números a parceria.

"A Companhia Siderúrgica Nacional já conseguiu economizar US$ 107 milhões a partir dos resultados das pesquisas em parceria com o Liec. Só com o CMDMC são 16 anos de trabalhos conjuntos", disse.

Segundo Varela, a parceria resultou, desde 1995, em 47 projetos de pesquisa. No mesmo período, 14 pedidos de patentes foram depositados no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

"Esse é um exemplo de transferência tecnológica em que os resultados podem ser observados não apenas pela economia de recursos, mas pela geração de mais exportações, emprego e riqueza para o país", destacou.

Organizada pelo Ciesp, a Inovatec vai até sexta-feira (15/9), no pavilhão azul do Expo Center Norte. A feira apresenta uma série de rodadas de negócio destinadas ao encontro de empresas expositoras com representantes de universidades e centros de pesquisa.

Mais informações: http://www.feirainovatec.com.br


Data: 13/09/2006