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Mil obras de arte já sumiram em todo o país

Levantamento aponta que ainda faltam ser catalogados 500 mil bens; RJ está no topo do ranking dos Estados que têm bens do patrimônio desaparecidos, com 53% do total de peças extraviadas

Mil obras de arte de interesse do patrimônio histórico e cultural brasileiro estão desaparecidas, de acordo com contabilização feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Segundo uma estimativa do instituto apresentada ontem no Seminário do Patrimônio Cultural do Estado do RJ, há, no Brasil, 500 mil bens que precisam ser inventariados para poderem ser protegidos. Um universo "gigantesco", que é impossível de ser controlado apenas por uma instituição, segundo a gerente nacional de bens móveis e integrados do instituto federal, Isabel Serzedelo.

"Não podemos preservar o que não conhecemos e, em 20 anos, só 80 mil peças foram catalogadas em todo o país. Na cidade do Rio, de 2001 para cá, foram 22 mil. Só no mosteiro de São Bento, foram 2.600 obras em um trabalho de seis meses. Definitivamente é preciso haver uma colaboração entre município, Estado e União e uma campanha de luta contra o tráfico. Não pode continuar sendo moda ter um anjo de altar em casa", afirmou Serzedelo.

Para ela, é importante investir no desenvolvimento de dois inventários: o que reúne o total das peças que precisam ser protegidas no país e o que lista todas as obras desaparecidas. No entanto, por falta de verbas, essa catalogação só acontece por meio de patrocínios, motivo pelo qual progride lentamente.

"Até agora, só foram concluídos os inventários da Bahia, de Alagoas e de Sergipe. Maranhão, Minas Gerais, RJ, Pernambuco e Pará já estão trabalhando, mas os outros Estados do país não têm nada."

Destaque

Levando em consideração os dados parciais, o Rio se destaca por estar no topo do ranking dos Estados com mais furtos e roubos de bens do patrimônio cultural brasileiro, com 53% do total de peças extraviadas.

O furto de peças do patrimônio histórico levará o governo do Rio a tentar acionar a Interpol para combater esse tipo de crime. Entre os dias 19 e 22 deste mês, o Rio sediará a 75ª Assembléia Geral da Interpol.

O governo do Rio contatará membros da Interpol para pedir orientação na atuação contra o tráfico internacional de obras de arte.

"Temos mais crimes no Rio simplesmente porque aqui está a memória do Império, da República Velha e da República Nova", explicou o chefe-de-gabinete do governo estadual, Fernando Peregrino.

Para ele, a polícia fluminense está em fase de aparelhamento e está muito à frente dos outros Estados. O secretário levantou a possibilidade de instalar chips em peças que precisam ser protegidas.

A informação sobre essas peças desaparecidas, classificadas como bens móveis ou integrados, pode ser encontrada no site da instituição e também na página da Interpol na Internet.

Apesar do mecanismo, o índice de recuperação ainda é classificado como muito baixo.


Data: 13/09/2006