Agronegócio está carente de pesquisas
"Celeiro do mundo", país precisa avançar no desenvolvimento genético de plantas e animais
"A grande vocação do Brasil é ser o celeiro do mundo". A opinião da headhunter Laís Passarelli, 50, é baseada nas estatísticas do setor e ajuda a explicar a necessidade cada vez maior de profissionais qualificados para atuar na área.
Em 2005, o agronegócio gerou 84% dos US$ 45 bilhões do superávit da balança comercial brasileira, segundo o Ministério da Agricultura.
A atividade econômica foi responsável ainda por 28% do PIB (Produto Interno Bruto) e por 39,8% das exportações totais, de acordo com dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e do ministério.
E o país ainda pode ter uma produção agrícola até quatro vezes maior do que hoje se os 90 milhões de hectares de terras agricultáveis ainda não explorados passarem a ser aproveitados.
"A única nação do mundo que tem condições de ampliar a participação no mercado internacional é o Brasil.
Todas as outras já estão trabalhando quase com sua capacidade máxima", explica José Roberto Canziani, 43, coordenador do curso de pós-graduação em agronegócios da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
E o mercado vai absorver desde pesquisadores até responsáveis por logística e recursos humanos.
Preferidos
Hoje, a pesquisa é a área mais carente do agronegócio quando o assunto é capital humano.
Enquanto países como Alemanha, Estados Unidos e Japão avançam no desenvolvimento genético de plantas, de animais e de processos produtivos, o Brasil segue mais lentamente.
No caso dos gestores ambientais, Canziani diz que os interessados em promover desenvolvimento de forma sustentável serão os preferidos.
"Temos condições de produzir alimentos sem destruir o ambiente. Queremos pessoas que acreditem nisso", afirma.
Nas áreas tecnológicas, como agronomia, veterinária, engenharia florestal e zootecnia, o diferencial será uma formação de qualidade e uma visão ampla do negócio.
"O profissional precisa prestar o serviço pensando no benefício que vai trazer para a empresa como um todo", explica Eduardo Simões Corrêa, 55, engenheiro agrônomo, zootecnista e pesquisador da Embrapa Gado de Corte.
Para fugir da limitação do campo de trabalho, o pesquisador recomenda uma boa avaliação antes da escolha da faculdade.
"Na graduação, pode-se fazer um curso mais abrangente, como agronomia, e na pós-graduação, afunilar, especializar-se em zootecnia ou veterinária, por exemplo", diz.
Seja qual for a carreira escolhida, a preocupação principal deve ser com a produção sustentável, tanto econômica, como técnica, ambiental e social.
De forma direta e indireta, agricultura e pecuária vão absorver ainda os formados em engenharia.
O motivo é que o setor pede investimentos em infra-estrutura para crescer.
Portanto, devem ocorrer nos próximos anos iniciativas tanto públicas como privadas de construções de ferrovias, rodovias, hidrovias e dutos, além da criação de mais vias para transporte aéreo. Data: 18/09/2006
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