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Mulher cientista é alvo de preconceito

Relatório denuncia diferenças de tratamento nos EUA

Preconceito de gênero - e não qualquer diferença biológica entre os sexos - atrapalha a carreira científica de mulheres nos EUA, diz um novo relatório que reivindica medidas contra a discriminação.

O texto é o mais recente sobre uma polêmica impulsionada por ninguém menos que o ex-reitor da Universidade Harvard, Lawrence Summers.

Em 2005 ele deflagrou protestos irados e discussões intermináveis ao declarar que diferenças inatas entre os sexos poderiam explicar por que menos mulheres chegam ao topo da carreira científica.

O comentário acabou lhe custando o emprego. Ele foi forçado a anunciar sua renúncia em fevereiro deste ano.

Quatro vezes mais homens que mulheres com doutorado em ciências têm cargos de tempo integral em universidades nos EUA, diz o relatório emitido ontem pela Academia Nacional de Ciências dos EUA.

E mulheres de minorias étnicas são 'virtualmente ausentes' de posições importantes no meio científico.

Mulheres cientistas tipicamente ganham menos, sobem mais lentamente na carreira e recebem menos verba para pesquisas que colegas do sexo masculino.

Essas discrepâncias não se explicam por diferenças de produtividade, importância científica da pesquisa ou outras medidas do desempenho acadêmico, afirma o relatório.

'Não se trata de uma questão de falta de talento, mas de preconceitos e estruturas institucionais antiquadas que estão travando o acesso e o desenvolvimento das mulheres', declara o documento.

'Nem nossas instituições acadêmicas nem o país podem bancar esta subutilização de precioso capital humano na área científica'.

Donna Shalala, reitora da Universidade de Miami e coordenadora do relatório, disse que hoje o preconceito é apenas mais sutil do que o vigente nos anos 60.


Data: 19/09/2006