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Taxa de césareas ainda é alta

Pesquisa realizada em um hospital do Rio de Janeiro mostra que elas representam 30% dos partos. Principais fatores associados são primiparidade; idade entre 20 e 34 anos; último parto ter sido por cesárea; dilatação cervical menor do que 3cm na admissão; e preferência da mulher por cesárea.

 

O Brasil apresenta uma das maiores taxas de cesáreas do mundo. Fatores que contribuem para este fenômeno incluem organização da prática obstétrica, atitudes dos obstetras, preferências e decisões das mulheres, além da situação sócio-econômica das grávidas. Isso é o que mostram Eleonora D’Orsi e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Cantarina em um estudo de caso-controle realizado em uma maternidade pública do município do Rio de Janeiro, que teve como objetivo identificar os fatores associados à realização de cesáreas pelas gestantes.

 

No trabalho, foram incluídos 231 partos por cesárea e 230 partos vaginais, mais conhecidos como normais. De acordo com artigo publicado na edição de outubro de 2006 dos “Cadernos de Saúde Pública”, “no Brasil, condições sócio-econômicas mais elevadas estão associadas a uma probabilidade maior de realização de cesarianas. Portanto, o índice de cesarianas é maior em regiões mais desenvolvidas, como no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste do que nas menos desenvolvidas como o Norte e o Nordeste. A taxa também é maior em hospitais privados quando comparados aos públicos e em mulheres com maior nível de escolaridade e melhor renda”.

 

No estudo, a taxa de césareas foi de 30%. A equipe observou que os fatores associados à maior chance de cesárea foram a primiparidade; idade entre 20 e 34 anos; último parto ter sido por cesárea; a dilatação cervical ser menor do que 3cm na admissão; a preferência da mulher por cesárea; o parto ter sido realizado em horário diurno e o parto ter sido realizado por obstetra do sexo masculino. Outros fatores associados às maiores taxas de cesarianas foram o obstetra trabalhar mais de 24 horas semanais de plantão; o obstetra ter consultório particular; a hipertensão; a apresentação fetal não-cefálica; e a idade gestacional ser superior a 41 semanas.

 

Segundo os pesquisadores, os fatores associados à menor chance de cesárea foram a prematuridade; ter sinais de trabalho de parto ao sair de casa; e o uso de ocitocina e amniotomia (ruptura da bolsa). Nesse sentido, eles acreditam que propostas de modificação nos fatores estudados podem contribuir para a redução da proporção de cesáreas. “É necessária uma reorganização dos cuidados no pré-natal, com um maior número de consultas no final da gestação e a provisão de informações adequadas sobre os dois tipos de parto. Mudanças na formação dos médicos também podem contribuir para reduzir as altas taxas de cesarianas”, afirmam no artigo.


Data: 20/09/2006