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Após 7 anos, Planetário de SP projeta céu que jovens nunca viram

Nesta sexta-feira, a sessão de reabertura do espaço, fechado desde 99, tem retrospectiva da cidade no roteiro

O céu da capital paulista como nunca foi visto pela nova geração de paulistanos foi apresentado nesta sexta-feira, às 10h, na sessão de reabertura do Planetário do Parque do Ibirapuera.

Fechado desde 1999 por problemas na estrutura que representavam riscos aos visitantes, o local volta a funcionar com equipamentos de última geração. A primeira apresentação foi dedicada a convidados.

O roteiro de estréia, com duração de meia hora, era segredo. O diretor dos Planetários de SP, o astrofísico Fernando Nascimento, não revelou detalhes. 'Vamos fazer uma retrospectiva da história do planetário e também da cidade', disse.

'Fizemos algo voltado para a população. Posso dizer que o único planeta que vamos mostrar é Marte', adiantou Nascimento.

Em princípio, a projeção será apresentada por dois meses, nos fins de semana, às 15h. A entrada será gratuita e os 280 convites serão distribuídos uma hora antes do início.

Nos meses seguintes, a diretoria do Planetário pretende apresentar mais tipos de exibição, como uma voltada para as crianças e a clássica.

Nessas, Plutão, recentemente rebaixado a planeta-anão, estará presente. 'Tudo é resolvido com locução', disse Nascimento. O preço do ingresso não foi definido.

Pioneiro na América Latina, o Planetário foi inaugurado em janeiro de 1957. O prédio é tombado por órgãos municipal e estadual do patrimônio histórico.

Por causa de problemas causados por infiltração e uma infestação de cupim, o prédio com uma grande cúpula se tornou uma parte morta na paisagem do Ibirapuera. Os jovens nem sabem o que vai voltar a funcionar.

'Faz um tempão que venho aqui e sempre está em construção', disse Thales Ribeiro Freier, de 10 anos. Mas o pai do garoto se recorda do antigo Planetário.

'Lembro a sensação do entardecer no começo da apresentação. Meu filho nunca foi a um planetário', contou Eduardo Donateli, de 42 anos.

Tecnologia

O novo projetor é o StarMaster ZMP que custou R$ 5, 9 milhões, pagos à vista, por meio de carta de crédito. O equipamento é composto por 48 projetores auxiliares, cada um com uma função.

Eles criam as imagens dos planetas, estrelas e constelações, podem exibir vídeos e até criar um desenho de prédios no horizonte. A principal inovação é que cada estrela é iluminada por um cabo de fibra óptica.

O projetor antigo, da década de 40, era usado no Planetário desde a inauguração e só foi aposentado em 1999. Ele tinha só uma fonte de luz com uma placa perfurada.

A máquina foi fabricada pela empresa alemã de equipamentos ópticos Carl Zeiss, responsável pela instalação do aparelho e de todos os computadores.

No Planetário do Parque do Carmo, é usado um modelo parecido da companhia, mas adaptado ao diâmetro 20 metros maior da cúpula.

Segundo o consultor de projetos da Omnis Lux, Luiz Sampaio, representante da Carl Zeiss no Brasil, há 11 projetores iguais no mundo.

A cúpula do Planetário, que antes era de concreto, recebeu placas de alumínio, que têm minúsculos furos. Elas permitem refletir 65% da luz projetada.

Toda a estrutura foi recuperada. Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, a madeira usada como revestimento no interior da cúpula, foco da infestação de cupins, foi trocada e passou por um processo que impede a volta dos insetos.

Para evitar problemas com a umidade, o concreto foi impermeabilizado. 'Depois de tantas reformas, vai ter céu para todos', brincou Nascimento.


Data: 22/06/2006