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Lula recebe manifesto e defende pacto pelo livro

Presidente recebeu o Manifesto do Povo do Livro, assinado por mais de 3 mil escritores, editores, livreiros, bibliotecários, professores, estudantes e artistas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira (21/9), que seja estabelecido um "pacto pelo futuro do livro" no Brasil.

Ao anunciar que o governo federal pretende, com a criação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), dobrar até 2010 o índice nacional de leitura - atualmente de 1,8 livros por habitante/ano -, ele propôs uma parceria mais forte entre o Estado e sociedade para estimular a população a ler mais.

"É da nossa responsabilidade não permitir que uma criança, por não ter poder aquisitivo, não possa ler os livros necessários ao seu aprendizado", afirmou.

As declarações do presidente foram feitas durante um encontro com personalidades do mundo do livro, no Palácio do Planalto, para receber o Manifesto do Povo do Livro, assinado por mais de 3 mil escritores, editores, livreiros, bibliotecários, professores, estudantes e artistas.

Lula recebeu o documento das mãos do escritor Daniel Munduruku, na presença dos ministros Tarso Genro e Luiz Dulci, de um grupo de escritores como Ignácio Loyola Brandão e Márcio Souza e de dirigentes das entidades da cadeia produtiva do livro no Brasil.

"O livro e a leitura devem se transformar, de fato, em pólos disseminadores de humanismo para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento da sociedade", defendeu Lula, que desafiou os editores e escritores a se unirem ao governo para "inventar juntos" novos meios para motivar a leitura.

"Melhorar a escola pública e a qualidade da educação é, afinal, uma das alavancas para vencer a batalha a favor do livro, da leitura e da educação, que assegura, de fato, um ponto de partida igual para todos", acrescentou ele.

O diretor do escritório da OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos) no Brasil, Daniel Gonzalez, elogiou medidas como a criação do plano e destacou o papel estratégico da leitura para o desenvolvimento social e econômico do país e para a promoção da cidadania.

Já o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Oswaldo Siciliano, agradeceu Lula por iniciativas, durante o seu governo, como a Lei do Livro, a desoneração fiscal, a criação da Câmara Setorial e a instituição do Plano Nacional do Livro e Leitura.

Manifesto

O Manifesto do Povo do Livro, entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está sendo entregue também aos candidatos a presidente da República nas eleições de outubro. Cristovam Buarque (PDT) e Heloisa Helena (PSol) já receberam e na próxima semana será a vez de Geraldo Alckmin (PSDB).

Entre os signatários do manifesto estão escritores como Ziraldo, Fernando Morais, Moacyr Scliar, Nélida Piñon, Thiago de Mello, Frei Betto, Zuenir Ventura e Nelson Motta, editores como Sérgio Machado, Paulo Rocco e Luiz Schwarcz e livreiros como Oswaldo Siciliano.

Entre as personalidades que aderiram, estão desde educadores como Tânia Rosing, Guiomar Namo de Mello e Jorge Werthein e juristas como Goffredo da Silva Telles Junior até artistas como Carlinhos Brown e Tony Bellotto.

O texto traz um rápido diagnóstico sobre a questão da leitura no Brasil -onde se lê menos de dois livros por habitante/ano, média inferior, por exemplo, à da Colômbia - e faz um apelo para que o próximo governo inclua o tema entre as prioridades nacionais.

Segundo o documento, o livro e a leitura, junto com a educação formal, devem ter um papel mais estratégico nas políticas públicas para contribuir com o projeto de desenvolvimento econômico e social do país.

O manifesto faz referência aos estudos de especialistas que atribuem o drama do analfabetismo funcional e o fraco desempenho das crianças brasileiras nas pesquisas comparativas internacionais sobre a compreensão do que é aprendido nas escolas aos baixos índices de leitura.

Somado ao analfabetismo absoluto, isso faz com que três entre cada quatro brasileiros jovens e adultos não tenham nenhuma habilidade de leitura, com sérios prejuízos para seu desempenho profissional, renda familiar e mesmo para o próprio exercício da sua cidadania.

O Manifesto do Povo do Livro destaca os avanços verificados durante o governo atual e os anteriores - como a instituição da Lei do Livro, em 2003, a desoneração fiscal, no ano seguinte, e a consolidação dos programas de aquisição de livros escolares, a partir da década de 1990 até dias atuais.

Propõe que, junto com ações pontuais como a revitalização da rede nacional de bibliotecas públicas, que o tema passe a ter o tratamento de política de Estado, em substituição aos programas que surgem periodicamente em alguns governos, mas, depois, correm riscos de continuidade.

Defende o apoio para a implantação do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), lançado este ano.

O teor do Manifesto é o resultado do amplo debate realizado no Brasil, com a participação de 40 mil lideranças, a partir de 2005, quando se comemorou o Ano Ibero-americano da Leitura.

Participam do movimento todas as entidades nacionais de escritores, editores, livreiros, bibliotecários, estudantes e dirigentes das áreas de educação e cultura, além de organismos da sociedade como a OEI e as associações nacionais de jornais e revistas.

Para assinar o Manifesto do Povo do Livro ou ver quem já aderiu, basta acessar http://www.oei.org.br/manifesto.htm.


Data: 22/09/2006