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Rede de pesquisadores estudará carnes de caprinos e ovinos

Não existem dados oficiais sobre a produção de carne caprina e ovina no Brasil, porque 95% dos abates são clandestinos

O Ceará deve contar, em breve, com uma rede de estudos em ciências da carne caprina e ovina.

O primeiro passo para criação do grupo será dado na próxima segunda-feira, 25, na Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza, onde será realizada a 1ª Reunião Técnica da Ciência e Tecnologia das Carnes Caprina e Ovina.

O encontro é uma iniciativa da Embrapa Caprinos, unidade descentralizada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Estarão presentes representantes da Embrapa Caprinos, Embrapa Agroindústria Tropical, Universidade Federal do Ceará, Universidade Estadual do Ceará, Universidade de Fortaleza e Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec).

O pesquisador e gestor do núcleo temático de carne e pele da Embrapa Caprinos, Selmo Fernandes Alves, diz que existem muitos estudos na área de carnes caprina e ovina, mas os conhecimentos estão isolados, o que acaba dificultando o surgimento de respostas rápidas às demandas de crescimento do setor.

No encontro, será feito um esforço para definir as competências das instituições que comporão a rede.

Selmo Fernandes lembra que a cadeia produtiva da carne caprina e ovina experimenta um grande crescimento nos últimos anos no país.

Em 2005, segundo o Anuário da Pecuária Brasileira (Anualpec), o rebanho de ovinos correspondeu a 16,05 milhões de cabeças e o de caprinos a 10,31 milhões de cabeças.

A região Nordeste detém 56,3% e 93,0% dos rebanhos de ovinos e caprinos, respectivamente. A região Sul representa 31,6% dos ovinos e 2,0% dos caprinos e ainda a região Sudeste é responsável por 3,4% do rebanho de ovinos e 2,4% do rebanho de caprinos.

Não existem dados oficiais sobre a produção de carne caprina e ovina no Brasil, porque 95% dos abates são clandestinos.

O pesquisador Enéas Reis Leite, da Embrapa Caprinos, estima, com base no tamanho do rebanho, na taxa anual de abates e no rendimento das carcaças, que o País tenha produzido, no ano passado, 30 mil toneladas de carne caprina e 63,9 mil toneladas de carne ovina.

No Nordeste teriam sido produzidas, de acordo com as mesmas estimativas, 28,5 mil toneladas de carne caprina e 32,4 toneladas de carne ovina.

Pesquisas

Em 31 anos de pesquisas dedicadas ao crescimento do setor, a Embrapa Caprinos desenvolveu vá rias tecnologias para melhorar a produtividade em todos os elos da cadeia produtiva das carnes caprina e ovina.

Na área de tecnologias de carne, está em desenvolvimento no momento uma linguiça light, cujos resultados preliminares apresentam apenas 2,66% de gordura e 28,12 mg/100g de colesterol.

Conforme a química industrial Terezinha Fernandes Duarte, mestre em Ciência e Tecnologia e Alimentos, que presta consultoria à Embrapa Caprinos na elaboração do produto, os bons resultados decorrem principalmente das propriedades da carne caprina - uma das carnes vermelhas mais saudáveis, apresentado cerca de 5% de gordura e baixas taxas de colesterol.

Também estão em análise a lingüiça frescal com adição de 10% de gordura e lingüiças defumadas com zero e 10% de gordura.

Todas surpreenderam pelas baixas taxas de lipídios e colesterol em relação aos produtos tradicionais disponíveis no mercado e também pela boa aceitação dos provadores. Contudo, ainda são necessários mais estudos até o lançamento dos produtos.

Uma das principais características das novas lingüiças é o fato de utilizarem animais de descarte, ou seja, com idade variando entre 3 e 8 anos, na composição.

A idéia é aproveitar uma carne que já não se presta à comercialização in natura, por apresentar textura dura e odor forte. Conforme explica o líder do projeto, pesquisador da Embrapa Caprinos, Ronaldo Ponte Dias, essa é uma forma de agregar valor a estes tipos de carne.

O projeto, executado com recursos próprios da Embrapa, conta com as parcerias do Centec, da UFC e da Embrapa Agroindústria Tropical.


Data: 22/09/2006