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Física deve gerar riqueza para o país

Ao completar 40 anos, Sociedade Brasileira de Física (SBF) quer que a pesquisa científica e tecnológica contribua para o desenvolvimento do setor industrial brasileiro

Em seu 40º aniversário, a SBF está empenhada num grande desafio: como transformar os conhecimentos dessa ciência em riqueza para o país, a exemplo de sua utilização como instrumento para a inovação tecnológica nas empresas.

Essa será uma das questões debatidas nos dias 2 e 3 de outubro, num encontro no Centro de Convenções do Anhembi, em SP, que também servirá para comemorar oficialmente os 40 anos da SBF.

Durante o evento, uma série de palestras dará uma visão global das áreas da Física que têm se destacado no país. O objetivo é mostrar que ela pode ser instrumento de geração de conhecimento científico e tecnológico e ajudar no desenvolvimento econômico e social do país.

"Não há como negar o grande sucesso da pesquisa em Física no Brasil, responsável por colocar o país em posição privilegiada no ranking científico das nações", diz o presidente da SBF, Adalberto Fazzio, professor do Instituto de Física da USP.

"Mas esse sucesso torna-se modesto quando se avalia o impacto dessa disciplina na economia brasileira". Nos países desenvolvidos essa situação é inversa - segundo o presidente da SBF, um terço do PIB norte-americano em 2001 era proveniente de tecnologias derivadas de física quântica.

Com base em dados como esse, Fazzio enfatiza que "a Física está no alicerce da inovação e do desenvolvimento tecnológico e deve ser utilizada como instrumento de geração de riqueza e de solução de problemas da sociedade".

De acordo com ele, a Física ainda continuará sendo, em todo o século XXI, uma das principais disciplinas definidoras das tecnologias dominantes.

"A Física é fundamental em várias áreas consideradas prioritárias para muitos países, na definição de seus projetos estratégicos de desenvolvimento", explica o presidente da SBF.

Como exemplo, ele cita a nanotecnologia, a microeletrônica, a biotecnologia, a ciência de novos materiais, as telecomunicações e as indústrias aeronáutica, robótica e de computadores.

E a SBF está empenhada em definir caminhos que conduzam as contribuições da Física para a indústria. Em dezembro do ano passado, ela promoveu o seminário "Física e Inovação", em conjunto com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), órgão assessor do governo federal.

Em breve, se reunirá com a direção da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão responsável pela coordenação e promoção da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do país.

Ensino e divulgação

A qualidade do ensino de ciência, principalmente no nível médio, é outra preocupação da SBF. "Ele deve contribuir para a educação do cidadão, por meio da compreensão do papel da ciência no desenvolvimento da tecnologia", explica Fazzio.

"Hoje isso não ocorre na área de Física e da ciência em geral. Professores de formação incompleta e inadequada ensinam ciência para as crianças como se esta fosse um conjunto de vocabulários, de definições e de ilustrações."

Para o presidente da SBF, esse quadro precisa ser modificado. "Isso só acontecerá, no entanto, quando os professores receberem formação apropriada e for assegurada uma infra-estrutura escolar que implemente e mantenha em operação bibliotecas e laboratórios."

A Física e a ciência não devem chegar apenas às escolas. De acordo com Fazzio, a educação deve ser complementada com ações de caráter informal. Em outras palavras, a ciência deve ser popularizada.

"A educação científica da população é condição necessária para o exercício da cidadania", diz.

"Infelizmente, no Brasil hoje, salvo poucas e recentes iniciativas, não há divulgação de ciência visando à educação científica do cidadão. É preciso incentivar atividades de divulgação por meio da formação de recursos humanos voltados para isso, além de criar museus interativos, restaurar aqueles mais ortodoxos já existentes e difundir publicações e textos sobre ciência."


Data: 27/09/2006