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Nordeste quer mais urânio para produzir energia

O município de Santa Quitéria, no Ceará, vai sediar uma usina de exploração do mineral, que abastecerá Angra 1 e 2

O Nordeste vai ampliar a oferta de urânio para a produção de energia nas usinas de Angra 1 e 2, além de Angra 3, caso o projeto da terceira usina se concretize.

Depois da Bahia, o Ceará será o mais novo fornecedor da matéria-prima para o programa nuclear brasileiro. O município de Santa Quitéria, a 212 km de Fortaleza, capital do Ceará, terá uma usina para exploração da jazida local.

A nova usina deve entrar em operação em 2007, com vida útil de 25 anos, pelo menos, de acordo com informações da Indústrias Nucleares do Brasil (INB/MCT), empresa responsável pela mineração e produção do concentrado desse mineral no país.

O Brasil tem hoje a sexta maior reserva de urânio do mundo, embora conte com apenas 25% do território explorado.

Atualmente, a exploração de urânio está concentrada na mina de Caetité, na Bahia. Numa área de 1,2 mil hectare, há uma reserva de 100 mil toneladas. A usina baiana tem capacidade de produzir cerca de 400 toneladas de concentrado por ano, matéria-prima do combustível nuclear.

Somente a exploração dessa mina é capaz de atender a demandas de usinas nucleares brasileiras. Em Santa Quitéria, a reserva estimada é de 91 mil toneladas. "Só essas duas reservas representam o dobro do que a Bolívia tem de gás e óleo.

São mais ou menos 238 anos de fornecimento do gasoduto Brasil-Bolívia", explica José Carlos de Miranda Farias, diretor da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Com a entrada em operação da Usina de Santa Quitéria, a expectativa é que a produção nacional triplique. A INB planeja produzir cerca de 1,2 mil tonelada de concentrado por ano, melhorando a posição do Brasil no ranking dos maiores produtores do mineral.

Além da ampliação da produção de urânio, a nova usina terá uma inédita parceria com a iniciativa privada.

Como o produto de Santa Quitéria está associado ao fosfato, utilizado em fertilizantes, consórcio formado por cinco empresas está apresentando uma proposta para terceirização da exploração.

A Bunge Alimentos e a Tortuga (fabricante de rações) são duas das indústrias interessadas no negócio.

Nessa jazida também é possível aproveitar cerca de 300 milhões de metros cúbicos de mármore, totalmente isento de urânio. As empresas entregam o produto ao INB e ficam responsáveis pela exploração comercial dos outros minerais.

"Por enquanto, a INB avalia o processo de parceria, necessário para a produção do fosfato, que deve ser concluído até o fim do ano", informa a estatal, sem entrar em detalhes.

Segundo
a INB, com o início da mineração serão oferecidos cerca de 500 empregos. Há estimativa de atração de três mil postos de trabalho indiretos. Atualmente, a principal atividade econômica da região é a agropecuária.

Com o projeto, a comunidade de Santa Quitéria também ganhará benefícios, como melhoria da infra-estrutura.


Data: 16/10/2006