Relatório divulgado pela ONU lista monumentos ameaçados pelo calor

O aumento do nível do mar, da temperatura dos oceanos e outros desastres ambientais previstos para acontecer com o aquecimento global devem fazer uma nova vítima: o patrimônio natural e cultural protegido em todo mundo.

O alerta foi lançado pela ONU ontem durante a 12ª Conferência Internacional sobre o Clima, que ocorre em Nairóbi, no Quênia.

Na lista do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), compilada no documento "Atlas da Mudança Climática", estão citados desde os recifes de corais em Belize (América Central), que estão descolorindo devido ao aquecimento da água, à ruínas da cidade egípcia de Alexandria (foto).

O derretimento acelerado das geleiras pode causar a ruptura de lagos glaciais, ameaçando o Parque Nacional de Huascarán, no Peru, que abriga tesouros pré-incas e templos de 900 a.C.

Já no oeste da África, uma grande coleção de manuscritos islâmicos do século 13 está ameaçada pelo avanço da desertificação.

Lugares mais modernos também foram citados, como a Biblioteca da República Checa, que teve cerca de 500 mil livros e documentos danificados durante as inundações que atingiram a Europa em 2002.

"Mesquitas, catedrais, monumentos e sítios arqueológicos estão ameaçados por inundações e tormentas", aponta o relatório, que pede providências para a contenção dos danos.

Achim Steiner, diretor da entidade, defendeu que além de serem necessários esforços para proteger a humanidade e os ecossistemas dos danos do aquecimento global, é preciso cuidar do patrimônio cultural.

"Devemos usar nossos conhecimentos científicos para ajudar a protegê-lo", diz.

Ele acredita que perdas nesse setor podem ser especialmente negativas para países em desenvolvimento, que podem usar esses recursos como modo de combater a pobreza.