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Biomedicina: Transplante de células da retina funciona em roedores

"O mesmo ocorre se a célula usada no transplante já tiver sofrido diferenciação demais", explica o cientista

Pesquisadores britânicos e norte-americanos conseguiram transplantar com sucesso células-tronco de retina de camundongos para outros roedores com problemas de visão.

A pesquisa, publicada hoje na revista "Nature", mostra que os cientistas conseguiram identificar o momento exato de fazer a operação, principal obstáculo encontrado até hoje em outros estudos do mesmo tipo.

"Sim. O tempo exato de fazer o transplante é o ponto mais crítico", afirmou à Folha Robert MacLaren, pesquisador do University College de Londres, que liderou o estudo.

Segundo ele, caso o transplante seja feito com a célula ainda muito imatura, ela não conseguirá se diferenciar corretamente no novo ambiente. Fica, assim, impossibilitada de cumprir seu papel de detectar raios de luz e transformar essa informação em impulso elétrico.

"O mesmo ocorre se a célula usada no transplante já tiver sofrido diferenciação demais", explica o cientista.

No experimento, os camundongos tinham uma perda de visão bastante semelhante à que existe em humanos com a doença conhecida como degeneração macular, que ataca principalmente pessoas idosas.
Integração

Depois do transplante, os pesquisadores comprovaram que as células-tronco se integraram ao novo olho, diferenciaram-se corretamente e formaram conexões com o sistema nervoso. Com isso, houve uma melhora na visão dos animais.

"Sem dúvida é um trabalho importante. Mas ele apenas coloca uma pedrinha em um grande edifício", afirma Rubens Belfort, presidente do Instituto da Visão da Universidade Federal de São Paulo.

"Existem caminhos mais fáceis do que usar células-tronco e fazer com que elas se comuniquem com o sistema nervoso".


Data: 09/11/2006