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Gaúchos encontram novo dino ancestral

Animal, ainda sem nome, era bípede pequeno e está entre os mais antigos, com 228 milhões de anos

Pesquisadores da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), no Rio Grande do Sul, anunciaram ontem ter descoberto o primeiro dinossauro a andar de forma eficiente sobre duas patas. O animal, ainda sem nome, teria vivido 228 milhões de anos atrás.

"Encontramos o elo perdido da era dos dinossauros", disse o coordenador do departamento de paleontologia da Ulbra, Sérgio Furtado Cabreira.

O fóssil, conhecido por enquanto como ULBRA PVT016, foi localizado em escavações na região de Agudo (centro do RS), em dezembro de 2004. Depois, o departamento de paleontologia da Ulbra, em Cachoeira do Sul, tratou de estudá-lo usando tomografia computadorizada.

Os pesquisadores chamam a atenção para o fato de que o fóssil de Agudo tem cinco vértebras fundidas na região da bacia -a fusão de vértebras nessa região é uma marca registrada do grupo dos dinossauros. Outros dinos de idade semelhante desenterrados no Rio Grande do Sul e na Argentina tinham duas. Daí a maior capacidade de locomoção de forma bípede -as vértebras fundidas dão maior estabilidade.

O animal era carnívoro, bípede, com 50 centímetros de altura, 1,5 metro de comprimento e pesava cerca de 12 quilos. Ágil, vivia provavelmente em bandos nas planícies onde se encontram os municípios da região central do Rio Grande do Sul. Sua constituição óssea se assemelha à das aves atuais.

"Já havia a hipótese de que esse animal poderia existir, mas ainda não havia evidências", afirmou Cabreira.

Com a localização do fóssil, os pesquisadores acreditam que toda a árvore genealógica dos dinos terá de ser refeita. Até agora, achava-se que dinossauros com cinco vértebras fundidas iriam aparecer somente no Jurássico, segundo Período da era dos dinossauros. O novo fóssil mostra que isso ocorreu 20 milhões de anos antes, no Triássico.

O animal é mais semelhante aos dinossauros ditos verdadeiros do que ao chamados "basais", como os argentinos Herrerasaurus e Eoraptor. Estes perderiam, segundo Cabreira, seu lugar na raiz da árvore genealógica dinossauriana.

"O achado é do peru", empolga-se Max Langer, da USP de Ribeirão Preto, maior especialista brasileiro em origem dos dinossauros. "Os caras não estão doidos. Isso é sério."


Data: 15/12/2006