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Pentium 100 MHz de volta à ativa

Soluções reaproveitam PCs antigos

Com os atrasos nos vôos, quem passa pelo Aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza, tem um bom passatempo enquanto espera o embarque. É a I Mostra do Instituto Centec, que fica aberta até o dia 20 deste mês, em espaço cedido pela Infraero no aeroporto.

A exposição inclui produtos e tecnologias desenvolvidos no Ceará. Uma das soluções apresentadas é o ''ConnecThin'', desenvolvida por Aristides Timbó Catunda. A solução reaproveita antigos PCs do tipo 486 ou Pentium 100 MHz com 16 MB de RAM - sem condições de uso em qualquer sistema operacional de hoje - e os deixa com um desempenho equivalente ao de computadores atuais.

A idéia de Catunda partiu da necessidade do reaproveitamento de computadores antigos, doados pelo Banco do Brasil para os CDCs (Centros Digitais do Ceará) e de alguns já em desuso nos CVTs (Centros Vocacionais Tecnológicos), que provavelmente seriam descartados por não suportarem os sistemas operacionais atuais.

Para tornar possível o aproveitamento de máquinas, Catunda criou o sistema operacional Open CenteX, baseado no sistema de código aberto Linux e utilizando o Linux Terminal Server Project (LTSP), um projeto para o uso de um computador por vários terminais. Assim, Catunda montou um servidor que pode fazer funcionar até 20 terminais.

Para turbinar o desempenho de dez computadores, é preciso adicionar 1 Gigabyte (GB) de memória RAM ao servidor, segundo explica o idealizador, que é professor de redes de computadores. ''Com essa memória, os terminais vão trabalhar como se fossem um Pentium de última geração'', afirma Catunda.

Com a solução foi possível reaproveitar 295 PCs doados pelo Banco do Brasil e 80 doados pela Coelce. Como nem só de doações vive a inclusão digital, para colocar em prática novas redes com base na solução de Catunda, foi criado um modelo de thin client (terminal que substitui um PC normal, recebendo informações do servidor) que trabalha sem disco rígido e que dá a partida pela placa de rede e fica trabalhando de modo independente.

Cada terminal desse tipo custa cerca de R$ 800, representando uma economia de quase 50% caso fossem utilizados os PCs convencionais.

Oito Centros Digitais do Ceará (CDC) - nas cidades de Fortaleza, Aracoiaba, Crateús, Reriutaba, Nova Russas, Pedra Branca, Irauçuba e Forquilha - já contam cada um com uma rede que funciona com 10 terminais.

A primeira instalação do sistema foi realizada no laboratório de computação do Centec (Instituto Centro de Ensino Tecnológico) em Nova Russas. Foram comprados componentes e montadas 20 máquinas e um servidor. A rede atenderá em torno de 200 alunos. O custo total ficou a um preço equivalente a 20% do valor que seria pago pela aquisição de computadores novos e de uma rede baseada no Windows.

Além da economia proporcionada com o reaproveitamento de PCs antigos, Catunda destaca também que o sistema roda com um consumo de apenas 10% do que gasta de energia um computador normal. Os computadores funcionam no sistema com monitores LCD, que gastam 40 Watts de energia, enquanto que os monitores normais de tubo catódico consomem de 120 a 150 Watts.

Enquanto uma CPU convencional consome 120 Watts, o sistema, por não possuir HD e não gerar calor, gasta 12 Watts, segundo compara Aristides Catunda, que está na coordenação de tecnologia e da rede de videoconferência do Centec.


Data: 18/12/2006