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Governo vai apostar na educação a distância

Enquanto o Ministério da Educação (MEC) destina mais recursos para o projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB), sistema baseado na educação a distância, representantes da comunidade acadêmica ainda divergem sobre o assunto. Enquanto alguns acreditam no ensino a distância como modalidade válida para a expansão da educação superior no país, outros olham com certa desconfiança para a proposta.

Na última terça-feira, dia 16, o ministro da Educação, Fernando Haddad, participou da abertura do 1º Seminário Nacional para Coordenadores de Pólos de Apoio Presencial ao Sistema UAB. Este ano serão criados 297 pólos da UAB, totalizando um investimento de R$167 milhões.

Inicialmente, estes pólos serão voltados principalmente para a formação de professores. "A educação básica depende do apoio das universidades e os quase 300 pólos do UAB que serão instalados vão permitir esta conexão", afirmou o ministro. Cada pólo terá capacidade para atender a 600 estudantes.

Com todos funcionando a plena capacidade, serão quase 180 mil novos alunos no ensino superior. José Raymundo Romeo, presidente do conselho da Universidade das Nações Unidas (UNU), acredita que a proposta da Universidade Aberta será muito positiva para o país. "O Brasil é um país de dimensões continentais e grande parte da população não está inserida no ensino superior. Logo, levar este ensino às regiões mais afastadas com certeza é uma ação importante".

Romeo mostra preocupação, no entanto, com a maneira utilizada pelo governo para levar o projeto adiante. O educador lembra que, em 1985, projeto semelhante foi anunciado, com recursos disponíveis, pelo então ministro da Educação, Marco Maciel. "Mais de vinte anos depois, nada foi feito. Logo, minha preocupação é ter um projeto muito concentrado no MEC. Acredito que o ministério deveria delegar o projeto às universidades ou entidades de reitores e apenas financiá-lo e fiscalizá-lo. Do contrário, correremos sempre o risco de não haver continuidade nesta política. O projeto é bom. Como ele será implementado é que é a questão", avisa.

Já Afonso Madureira, coordenador do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFF, acredita que a implantação de um sistema como este no Brasil não será tão simples. "Acho que criar algo como o UAB no Brasil é complicado demais. O MEC deveria voltar seus esforços para consertar os problemas nos ensinos fundamental e médio, dando uma formação melhor para as pessoas. Com a fraca formação que nossos jovens estão recebendo, principalmente nas regiões mais afastadas dos grandes centros, como estes pólos podem funcionar?", questiona.

A UAB será desenvolvida em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (Capes), que vai colaborar na formação de professores para o ensino superior e na capacitação de professores para a educação básica. Cada pólo, além dos cursos, oferecerá também atividades sociais e culturais. A idéia é que estes sejam pontos de partida para o desenvolvimento das regiões ao seu redor. O investimento feito pelo governo este ano será seis vezes maior que em 2006, quando a UAB recebeu somente R$26 milhões.


Data: 24/01/2007