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Paraíba já enfrenta efeitos do aquecimento global

Professor da UFCG afirma que aumento do nível do mar ameaça litoral paraibano

Aumento do nível dos oceanos, inundações e ondas de calor mais freqüentes fazem parte das conclusões apresentadas pela ONU, no início do mês, em relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês). Composto por centenas de cientistas e representantes de 113 países, o comitê do IPCC afirma que o aquecimento do planeta se deve às emissões de dióxido de carbono provocadas pelo homem e que se os países não adotarem os meios para reduzir a poluição da atmosfera, a temperatura média pode aumentar até 6,4% em 100 anos.

Na Paraíba, os sinais de que o planeta está esquentando já são visíveis. “O mês de janeiro foi o mais quente da história, com a temperatura em Campina Grande entre 1 e 1,2 ºC acima da média”, afirma o professor Manoel Gomes Filho, da Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas da UFCG. Ele também chama a atenção para o aumento do nível do mar. “Podemos constatar que isto já vem ocorrendo há alguns anos, não somente no litoral paraibano, mas em todo o Nordeste. Em João Pessoa, as áreas mais afetadas são a praias do Bessa e a Ponta de Seixas. Lucena também perdeu grande extensão da praia”, alertou.

De acordo com o pesquisador, que também coordena o Projeto Camisa (Clima do Nordeste e do Atlântico Tropical e o Movimento dos Impactos no Semi-árido), uma análise inicial dos dados diários do nível do mar no porto de Cabedelo, fornecidos pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, revela que esse nível teve um aumento de 16 cm em cinco anos. “Se esse aumento for linear, como mostram os dados, pode significar que esse nível chegará a 160 centímetros no ano 2050, um aumento muito maior do que o previsto em todos os trabalhos divulgados sobre o assunto até o presente momento”.

Diante deste quadro a pergunta mais comum é: dá pra fazer alguma coisa pra mudar a situação? O professor Manoel diz que, infelizmente, as contribuições individuais significam muito pouco. “As ações individuais, embora louváveis, não são suficientes. Entretanto, somos moradores do país que concentra um terço das florestas mundiais e que ainda as desmata. Temos que assumir a liderança de cobrar o fim dos desmatamentos e das queimadas”, concluiu.


Data: 27/02/2007