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Degelo polar já afeta 4 milhões

Brasil lança participação no programa de estudos sobre Ártico e Antártica

Quatro milhões de pessoas já sofrem cotidianamente as conseqüências do degelo das regiões polares em função do aquecimento global, segundo um informe apresentado pela Comissão Européia ontem, no mesmo dia em que foi lançado em todo o mundo o Ano Polar Internacional (API) - o maior programa de estudos sobre o Ártico e a Antártica.

O impacto direto sobre a população ocorre sobretudo na região do Ártico, que é habitada.

No caso da Antártica, o degelo pode ter uma influência importante sobre plantações no Hemisfério Sul.

Segundo o informe da CE, a redução das geleiras polares interfere diretamente no acesso à água tanto para o consumo pessoal quanto para a agricultura. Mas a redução das massas de gelo polares também tem conseqüências imediatas em ecossistemas marinhos e terrestres.

A quarta edição do Ano Polar acontece num contexto inédito já que desde a última edição do programa, há 50 anos, as temperaturas no Ártico canadense e na Península Antártica aumentaram cinco vezes mais do que em outras regiões do planeta.

Por isso, o foco dos estudos desenvolvidos até março de 2009 é o aquecimento global.

País investe R$ 10 milhões em estudos

O
governo brasileiro oficializou ontem a participação do país no API. O Brasil terá sete projetos e participará de outros 21 estudos internacionais na Antártica, num investimento governamental total de R$ 10 milhões.

Pesquisadores de 30 universidades públicas e privadas brasileiras irão participar.

"As pesquisas na Antártica são cruciais para se entender o aquecimento global. A região é uma espécie de refrigerador do planeta", disse o secretário-executivo do Ministério da C&T, Luis Fernandes, que classificou a solenidade como histórica para o Brasil, porque é a primeira vez que o país participa desse programa.

As marcas do aquecimento nos extremos da Terra

O foco dos estudos do Ano Polar Internacional nos efeitos do aquecimento global no Ártico e na Antártica e suas conseqüências para o resto do planeta é compreensível.

Há 50 anos, quando foi realizada a última edição do programa mundial de pesquisas sobre as regiões polares, praticamente ninguém falava em mudanças climáticas. Mas, desde então, foram registradas as maiores e mais rápidas alterações no clima já verificadas no planeta.

Na Península Antártica, observou-se, no período, um aumento da temperatura média de 0,55 grau Celsius por década, cinco vezes mais do que a média no resto do planeta, o que coloca a região como uma das mais sensíveis às alterações do clima.

Os cientistas não sabem ainda ao certo o que acontece no interior do continente, mas há indícios de que as temperaturas por lá permanecem estáveis.

Ainda assim, um degelo acentuado na península já seria suficiente para provocar grandes problemas para o mundo, com o aumento significativo do nível do mar.

Na região do Ártico, o aumento da temperatura foi igualmente elevado. Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, não restará nenhum gelo na região dentro de um século, na época do verão.


Data: 02/03/2007