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Software do Brasil para o mundo

Apesar da falta de tradição, empresas brasileiras exportam cerca de US$ 500 milhões por ano

 

Concorrência agressiva de países como Índia e China, falta de tradição brasileira no setor e desconfiança de clientes estrangeiros formam uma perspectiva pouco animadora para as pequenas empresas de software que querem exportar. Mas aquelas que tiveram coragem e incentivo para encarar o desafio estão conseguindo chegar ao exterior.

Segundo a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), no ano passado as empresas nacionais exportaram US$ 500 milhões em softwares, um aumento de 20% em relação ao ano anterior. O resultado é ainda mais expressivo se for levado em consideração que cerca de 90% dessas empresas são micro, pequenas e médias, de acordo com o gestor de projetos da Apex, João Emílio Gonçalves.

A paulista SML é uma dessas pequenas empresas. Com um escritório modesto em São Paulo, 30 funcionários e faturamento anual de aproximadamente R$ 3 milhões, ela se aventurou no mercado externo em 2005. Em menos de dois anos de atuação, já tem projetos funcionando no Uruguai, na Colômbia e nas Bahamas. Com essa expansão internacional, o faturamento da empresa cresceu 40% no período. Até dezembro, a SML conclui outra operação para um grande banco mexicano.

Caminho difícil

Para chegar lá, essas empresas percorrem um difícil caminho, na avaliação do diretor do Instituto de Tecnologia de Software (ITS), Descartes Teixeira. Encontrar um canal para levar seus produtos para fora foi e continua sendo um dos maiores desafios para essas empresas. 'Bater na porta dos clientes no exterior é impraticável para pequenos empresários', diz Teixeira. A saída para ter sucesso nessa empreitada é encontrar parcerias.

No caso da SML, um projeto da Apex abriu o caminho. A agência patrocinou a participação de empresas de software em feiras nacionais e internacionais - foram 15 nos últimos dois anos - e trouxe compradores estrangeiros ao Brasil para conhecê-las. Nesses eventos, surgiram os primeiros contatos.

'O custo para divulgar produtos e atingir os clientes no exterior é muito alto', afirma o sócio da SML, Oerton Rodrigues. Um estande na CeBIT, a maior feira de tecnologia da informação do mundo, que acontece na Alemanha, chega a custar 100 mil. As empresas também precisam investir em treinamento e contratação de pessoal para atender os novos clientes.

Outra barreira para as empresas é a falta de tradição do Brasil na área tecnológica. 'Os estrangeiros têm muita desconfiança com as pequenas empresas por causa disso', afirma o empresário Paulo Mendonça, sócio da Intelectual Capital - empresa que produz softwares bancários e que, até 2009, deve ter 30% de seu faturamento representado por exportações.

Segundo ele, antes de oferecer o produto, é preciso vender a imagem de um 'Brasil tecnológico' para os importadores. 'É um verdadeiro trabalho de bandeirante.'

O esforço desbravador de Mendonça, Rodrigues e de outras empresas traz resultados positivos para o País. A consultoria Gartner, especializada em pes quisa de tecnologia, mostrou o Brasil na categoria dos países líderes e desafiantes em outsourcing em 2006, ao lado de China, Índia e Itália. Foi um salto em comparação a 2005, quando o País aparecia na lista de potenciais competidores. E um sinal de que o empenho das pequenas empresas não está sendo em vão.


Data: 06/03/2007