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Cotas: Sistema deve ser repensado, diz sociólogo

Para o sociólogo Simon Schwartzman, o objetivo do sistema de cotas - democratizar a educação- não foi atingido. Ele é presidente do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), instituição sem fins lucrativos que pesquisa desigualdade, pobreza e políticas sociais

- Como o sr. avalia o fato de universidades não preencherem as vagas para cotistas?

A população negra, parda e pobre não consegue nem concluir o ensino médio, que dirá chegar à universidade. O problema não é racial, mas social.

- E no caso da Uerj, em que cerca de 1.100 vagas para cotas não são preenchidas?

Quando a universidade exige renda familiar per capita baixa, quem tem essa renda provavelmente nem concluir o ensino médio consegue. Quem consegue ganha mais e não se enquadra no perfil. Mesmo que preencha o quesito de verba, não é aprovado no vestibular porque não fez segundo grau de qualidade.

- Esses dados trazem algum alerta para todas as universidades que instituem cotas?

O sistema deve ser repensado. A nova linha de trabalho do governo federal para a educação básica é fundamental, como alfabetização até os oito anos. Não estou dizendo que políticas para a universidade devam ser abandonadas. A eqüidade social não é problema da universidade, mas da educação básica.

- O sistema de cotas é adequado? Qual é a solução?

O sistema não faz sentido. O governo divide a população por raça, o que não é feito há mais de cem anos. Foi uma medida apressada tomada pelo governo para atender a pressões de entidades e ONGs. Deveria ser criada uma gama diferenciada de cursos, mais técnicos, para atender a uma população diferenciada.


Data: 19/03/2007