Problema aumenta mortalidade infantil sobretudo no Nordeste

Cerca de 20% dos brasileiros não têm acesso à água potável pelos cálculos da ONG Associação Articulação no Semi-Árido (ASA) apresentados ontem no encerramento da primeira Assembléia Mundial dos Representantes Eleitos e dos Cidadãos para a Água (Amece), realizada em Bruxelas.

O evento é preparatório para o Dia Mundial da Água, amanhã. De acordo com Cleusa da Silva, representante da instituição brasileira - parceira da organização humanitária internacional Oxfam no programa "Um milhão de cisternas" no semi-árido brasileiro -, 40% da água de torneira no Brasil não é confiável. Ou seja, não seria tratada.

De acordo com a ASA, cerca de cinco milhões de nordestinos, ou um milhão de famílias, não têm acesso à água potável.

Esta seria uma das razões da morte de milhares de crianças por doenças ligadas à água contaminada.

O programa "Um milhão de cisternas", iniciado há seis anos pela ASA, já conseguiu construir com recursos públicos e de parceiros nacionais e internacionais 187 mil cisternas na região do semi-árido. Os dados foram apresentados pela ASA na Amece.

A conferência encerrada ontem decidiu lançar a uma grande campanha mundial para tornar o acesso à água um direito humano. A idéia é que se possa reconhecer mais este direito formalmente até o dia 10 de dezembro de 2008, quando se comemoram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

De acordo com dados das Nações Unidas, mais de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e 2,6 bilhões de cidadãos estão privados de saneamento básico. As conseqüências para a higiene e a saúde mundial são desastrosas.

Cerca de 34 mil pessoas, entras as quais 4,5 mil crianças, morrem diariamente de doenças ligadas à falta de água.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a metade da população dos países do Hemisfério Sul sofre de enfermidades causadas diretamente pela água de má qualidade.