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Colaboração em biocombustíveis é para valer, dizem EUA

Segundo Shannon, a posição de Lula sobre Irã não azedou negociações

 

Apesar das divergências em relação ao Irã e ao protecionismo agrícola, o governo americano considerou que a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Camp David, no sábado, foi um "sinal importantíssimo" para países da região, pois será um trampolim para futuras colaborações entre as duas nações.

 

Além disso, o encontro mostrou que a cooperação dos biocombustíveis é para valer, afirmou Thomas Shannon, subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental.

 

"Em poucas semanas, já identificamos o primeiro grupo de países da cooperação - Haiti, República Dominicana, São Cristóvão e Névis e El Salvador ; comprometemo-nos a falar com os próximos países na fila, estabelecemos o fórum internacional de biocombustíveis e organizamos o intercâmbio de especialistas", disse Shannon em entrevista ao Estado.

 

"Isso mostra que o memorando que assinamos em São Paulo não era apenas um pedaço de papel; trata-se de um acordo bem concreto."

 

Segundo Shannon, a posição de Lula de manter relações comerciais com o Irã e suas críticas aos subsídios agrícolas e à tarifa sobre etanol não azedaram a reunião. "Sempre haverá divergências, mas elas são superadas, de longe , por nossos objetivos comuns", disse Shannon.

 

Os acordos que EUA e Brasil assinaram - apoio ao legislativo de Guiné-Bissau, combate à malária em São Tomé e Príncipe, biocombustíveis nos países do Caribe - são um "símbolo poderoso" para países em desenvolvimento, disse Shannon.

 

A edição de ontem do Washington Post teve uma visão mais ácida do encontro entre Lula e o presidente George W. Bush em Camp David. "Lula testou a famosa pouca paciência de Bush com um discurso desconexo de 20 minutos e falou longamente, em tom professoral, sobre o que ele batizou de iminente crise do aquecimento global."

 

Em outro trecho, o jornal americano diz: "O Irã obscureceu até a conversa entre os dois presidentes, por causa de reclamações recentes dos EUA sobre as ligações entre a Petrobrás e Teerã."

 

No que se refere ao Irã, contudo, o ambiente amistoso em Camp David foi propositalmente envenenado pela Casa Branca, ao trazer à tona sua censura aos investimentos da Petrobrás no país.

 

A iniciativa do Departamento de Estado, que autorizou a divulgação de uma nota pela embaixada americana em Brasília na véspera do encontro, teve o objetivo de dar uma clara mensagem ao governo brasileiro de sua contrariedade com o investimento de US$ 35 milhões da Petrobrás na pesquisa de petróleo e gás em um bloco do Golfo Pérsico.

 

Depois do Iraque, o Irã é a maior preocupação do governo Bush. Os EUA pretendem isolar esse país da comunidade internacional, como meio de pressioná-lo a abandonar seu programa de enriquecimento de urânio.

 

"Eu sei de divergências políticas do Irã com outros países. Mas o Brasil não tem nenhum problema com o Irã, país que até agora não foi vítima de sanções da ONU", declarou Lula. "Nossa posição é que os países deveriam ser cuidadosos ao lidar com o Irã, particularmente porque o Irã está desenvolvendo armas nucleares", concluiu Bush.


Data: 02/04/2007