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WWF cita Brasil como exemplo de uso de energias renováveis

ONG faz referência ao etanol e diz que preocupação é evitar o avanço da cana sobre áreas de preservação

Depois de diplomatas e observadores terem destacado o papel do etanol de cana-de-açúcar como uma das medidas de mitigação do aquecimento global discutidas pelo Painel Intergovernamental de Alterações Climáticas (IPCC), em Bangcoc, ontem foi a vez de a ONG WWF, uma das mais ativas na defesa ambiental, usar o Brasil como exemplo.

Em um relatório marcado pelo otimismo e pela militância, intitulado "Parar o Aquecimento Global É Possível!", os ambientalistas recomendam a alternativa brasileira, que pode "economizar US$ 15 bilhões, criar milhões de empregos e ajudar o clima".

O documento de 22 páginas foi divulgado na véspera da conferência de imprensa do IPCC. O Brasil aparece entre os bons exemplos de uso de energias renováveis e leis de redução das emissões de CO2, encontrados também na Tailândia, Filipinas, Reino Unido, Austrália e União Européia.

"O Brasil tem enorme eficiência energética e potencial de exploração de energias renováveis", diz o texto, endossado pela coordenadora do programa de Clima e Energia da WWF Brasil, Karen Suassuna.

Segundo a ONG, o país vem descobrindo meios de cortar o desperdício de energia, promovendo inovação tecnológica e uso de energias renováveis.

Na edição de ontem, o Estado antecipou que o IPCC vai sugerir que os governos dêem ênfase à expansão do consumo de etanol até 2020, em especial o proveniente da cana, cujo impacto ambiental é inferior ao do produzido a partir do milho.

O domínio da tecnologia de extração do álcool da cana é brasileiro, enquanto a exploração do potencial energético do cereal é prática nos EUA.

O objetivo da proposta é reduzir a emissão de CO2. O Brasil, porém, provavelmente não estará no relatório de hoje do IPCC. Os cientistas devem evitar "nacionalizar" os exemplos de políticas "certas" ou "erradas" para evitar aprofundar os conflitos diplomáticos.

A WWF não menciona o uso do etanol, mas faz referência indireta.

O diretor do Programa de Alterações Climáticas da WWF, Hans Verolme, é mais objetivo: "O caso do Brasil é único e mostra como o uso do etanol pode ser uma política eficiente de uso de energias alternativas. Nossa preocupação é encorajar o Brasil e outros países a se assegurarem de que a produção de etanol não trará pressões sobre outras culturas, o que poderia gerar invasões de áreas de preservação ambiental, como a Amazônia."

Outro a elogiar a tecnologia brasileira foi Surichai Wun"Gaeo, diretor do Instituto de Pesquisas Sociais da Universidade Chulalongkorn, de Bangcoc. "O Brasil se tornou um país importante em termos de energia ao demonstrar seu domínio do etanol. Estamos diante de um exemplo para o mundo."

O relatório cita parcerias entre indústrias e negócios para a redução das emissões de CO2 e casos de como a atividade individual pode ajudar no controle dos gases causadores do efeito estufa.


Data: 04/05/2007