Até 2030, 90% da população viverá nas cidades, diz ONU
"O crescimento é inevitável. Toda a comunidade internacional tem que observar isso e fazer de tudo para aumentar os direitos da população pobre"
Se a infra-estrutura do país não aguentará um forte crescimento econômico por falta de oferta de energia e por ineficiência logística para escoamento de produtos, o que dizer da capacidade do país para lidar com o crescimento populacional urbano?
Segundo o relatório "Situação da População Mundial 2007", do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), ligado à ONU, até 2030, 90% da população brasileira viverá em áreas urbanas, um crescimento de cerca de 7% sobre os 84% de hoje.
A média mundial de população urbana, porém, só ultrapassará a metade do total em 2008 e poderá chegar a 60% até 2030.
Diferentemente da primeira onda de urbanização nos séculos XVIII e XIX, ocorrida principalmente na América do Norte e na Europa, dessa vez o crescimento é nas camadas mais pobres e nas cidades de até 500 mil habitantes dos países subdesenvolvidos, incluído o Brasil.
Segundo a especialista em políticas públicas do Ipea Diana Motta, o crescimento no país deve ser mais acentuado nas cidades médias dos 49 conglomerados urbanos espalhados pelo Centro-Sul e litoral brasileiros, nos quais vive metade da população do país.
Esse adensamento populacional é puxado pelo maior dinamismo da indústria nas cidades periféricas. Se na tendência mundial indicada pela ONU a migração terá peso pequeno no crescimento da população urbana, no Brasil o processo migratório ainda é importante.
"Temos que nos preparar para essa situação. A concentração de infra-estrutura nos núcleos dos conglomerados urbanos causa disfunções na ocupação do solo, problemas de congestionamento e poluição", diz Diana.
A intenção do estudo elaborado pela ONU e apresentado na sede da prefeitura de SP é orientar as formuladores de políticas públicas a lidarem com os desafios anunciados.
"O crescimento é inevitável. Toda a comunidade internacional tem que observar isso e fazer de tudo para aumentar os direitos da população pobre", diz a representante do UNFPA, Alana Armitage.
Fonte: Valor Econômico, 28/6 Data: 28/06/2007
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