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UFRGS aprova cotas no vestibular

Universidade Federal do Rio Grande do Sul destinará 30% das vagas a egressos da rede pública

A UFRGS destinará 30% de suas vagas aos alunos que tenham feito pelo menos metade do ciclo fundamental e todo o ensino médio em escolas públicas.

O sistema de cotas foi aprovado pelo Conselho Universitário por 43 votos a 27, depois de seis horas de debate, na sexta-feira. Será aplicado a partir do próximo vestibular, no início do ano que vem.

Das vagas previstas para a cota dos egressos de escola pública, metade será destinada a alunos negros. Os índios serão contemplados com dez vagas, a serem criadas nos cursos para os quais houver demanda.

O sistema passará por reavaliações anuais, que indicarão se haverá necessidade de mudanças a partir de 2012, quando termina sua fase inicial. A UFRGS é a 17ª instituição federal de ensino superior a adotar ações afirmativas.

Depois da votação, o reitor José Carlos Ferraz Hennemann foi comunicar o resultado aos cerca de cem manifestantes que estavam em vigília no pátio do prédio administrativo da Universidade desde a noite anterior e chegou a gritar palavras de ordem com o grupo.

"Queremos que os estudantes de escolas públicas venham fazer nosso vestibular", disse Hennemann. "Agora eles terão mais chances de ingressar."

A aprovação das cotas encerrou uma semana tensa na UFRGS. Na segunda-feira, pichadores anônimos inscreveram as frases "Negro, só se for na cozinha do RU (restaurante universitário)" no muro de um bar em frente à Faculdade de Direito e "Voltem para a senzala" na calçada da Escola de Engenharia.

O delegado Gerson Mello instaurou inquérito para apurar os autores da pichação. O conselheiro do Movimento de Justiça e Direitos Humanos Jair Krischcke diz que pode ser uma ação de grupos neonazistas.

O estudante Lúcio Centeno, do Comitê Pró-Cotas, disse que o fato não é isolado. O grupo contrário às cotas também condenou as pichações.

Liminares

A votação de ontem só ocorreu após decisões judiciais. Na noite de quinta-feira, a estudante Claudia Thompson conseguiu uma liminar da Justiça Federal para adiar a votação e dar mais tempo aos conselheiros para analisar a proposta elaborada pela Comissão Especial para Implementação de Ações Afirmativas.

Alegou que havia recebido o texto na quarta-feira, a dois dias da votação, quando o regimento estabelece o prazo mínimo de cinco dias.

A reitoria conseguiu cassar a liminar no final da manhã desta sexta-feira alegando que a nova reunião do conselho apenas complementava um encontro iniciado no dia 15 e suspenso justamente para dar tempo para a apresentação de sugestões à proposta.

(O Estado de SP, 30/6)


Data: 02/07/2007