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Falta de professores no ensino médio e fundamental é maior do que se supõe

60% dos atuais professores de Matemática não têm formação adequada para o exercício da profissão

Texto de Keti Tenenblat, matemática, professora e pesquisadora da Universidade de Brasília (UnB)

"A notícia de que faltam cerca de 250 mil professores é uma conclusão tirada do documento do Ibanez, Mozart e Murílio, CNE 2007, que me parece incorreta.

Considerando a tabela sobre a estimativa de professores no ensino médio + 2º ciclo do Ensino Fundamental, nota-se que a estimativa de demanda de professores é de 710 mil; o número de licenciados na década de 90 foi de 456 mil, o que induz a dizer que faltam 264 mil professores.

Porém, admitindo que cada licenciando trabalhe efetivamente cerca de 30 anos, a cada década é preciso renovar apenas um terço da demanda total de professores.

Com esta simplificação do problema, a tal tabela indica que a situação está mais crítica nas áreas de Física e Química.

Entretanto, o problema é muito mais sério do que isto, tendo em vista que um grande número de licenciados não exerce a profissão. A grande maioria dos atuais professores nas áreas de Exatas não tem a formação específica.

Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) indicam que apenas 20% dos atuais professores de Matemática têm licenciatura em Matemática e um total de 40% tem formação em Matemática, Física, Química, Estatística, Engenharia, Computação ou Economia.

Portanto, 60% dos atuais professores de Matemática não têm formação adequada para o exercício da profissão. Obter uma estimativa razoável do déficit de professores não é uma tarefa trivial.


Data: 17/07/2007