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UFCG participa do Programa Petrobras Ambiental

Projeto será inaugurado nesta sexta, 24, beneficiando 80 famílias em São João do Cariri

 

Com a instalação de um dessalinizador produzido pela UFCG, tem início às 10h desta sexta-feira, 24, o projeto Água: fonte de alimento e renda – uma alternativa sustentável para o Semi-árido que beneficiará cerca de 80 famílias da comunidade de Uruçu, na cidade de São João do Cariri – PB. Patrocinado pela Petrobras através do programa Petrobras Ambiental, o projeto é uma parceria entre o Laboratório de Referência em Dessalinização (Labdes/UFCG), a Fundação Certi (Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras), de Florianópolis-SC, e os Laboratórios de Biotecnologia Alimentar e de Hidroponia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

 

Em Uruçu, as águas subterrâneas, assim como as encontradas em todo o semi-árido brasileiro, apresentam alto índice de sais sendo impróprias para o consumo humano. Além do acesso à água potável, o projeto promoverá o aproveitamento dos rejeitos da dessalinização - concentrado que devolvido ao solo, causa impacto ambiental - no cultivo de microalgas, culturas hidroponia (onde as plantas não crescem fixadas ao solo, e os nutrientes que precisam são fornecidos somente por água) de tomate, pimentão e pimenta, entre outras; e a criação de peixes (tilápias).

 

Cada família de Uruçu dispõe atualmente de uma pequena quantidade de água por mês, coletada da chuva, em cisternas. Segundo a coordenadora técnica do projeto e diretora do Centro de Referência em Ambientes de Inovação da Fundação Certi, Maria Angélica Jung, a previsão é de que o dessalinizador produza 2 mil litros de água potável por hora atendendo as necessidades diárias da comunidade.

 

O aproveitamento do concentrado no cultivo de microalgas, como a spirulina - excessivamente adaptável, rica em nutriente e de fácil digestão; comercialmente disponível em pó, cápsula ou adicionada a alimentos e medicamentos tônicos - que o Brasil também importa, tem alto valor agregado com o quilo sendo vendido a U$ 25,00. Segundo Maria Angélica, com a implementação do projeto, pode-se chegar a uma produção de 400 kg/mês; “que somados a produção hidropônica e de peixes, deve gerar uma renda de cerca de R$ 350,00 por família”.

 

Para o coordenador do Labdes/UFCG, Kepler França, também coordenador técnico do Programa Nacional de Dessalinização da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Minerais, o projeto Água: Fonte de Alimento e Renda representa uma alternativa ambiental importante já que no semi-árido brasileiro existem mais de 1.500 dessalinizadores implantados, “apresentando uma solução inovadora para os rejeitos que, além de minimizar os impactos ambientais, proporciona a exploração econômica e melhora a qualidade de vida das comunidades beneficiadas”.

 

Kepler explicou que o sistema produtivo será integrado, sendo gerenciado e operacionalizado pela própria comunidade, num modelo sustentável e replicável para outras regiões do Semi-árido. “Para isso, estão sendo elaborados um manual técnico e uma cartilha ilustrada, como também, grupos de trabalho são capacitados para o domínio dos processos produtivos, gerenciais e mercadológicos”, disse.

 

O prazo de execução do projeto é de 24 meses, com o envolvimento de pesquisadores das instituições parceiras.

 

Semi-árido

 

O semi-árido brasileiro ocupa uma área total de 940 mil km² e apresenta uma média pluviométrica anual baixa (750mm/ano), com variação entre temperaturas médias nas estações do ano inferior a 5°C. Estas condições desfavoráveis contribuem para o déficit no desenvolvimento da região com baixos indicadores de qualidade de vida. A utilização de recursos rudimentares tem aumentado a degradação e o empobrecimento da natureza, onde a desertificação é uma das modalidades mais impactantes. Dados do IBGE de 1994 já apontavam para degradação de parte dos solos nordestinos, onde 54% do bioma Caatinga, vegetação característica do Semi-árido, encontrava-se em elevado estágio de antropização – modificação feita pelo homem.

 

Deste modo, os recursos hídricos caminham para a insuficiência ou apresentam elevados índices de poluição, tornando a situação ainda mais séria, porque é o limitador da ocupação humana e das atividades produtivas. As águas subterrâneas têm sido exploradas, mas são impróprias para o consumo humano devido aos altos índices de sais dissolvidos. A dessalinização é uma alternativa para aumentar a oferta de água potável em comunidades onde não há sistema de armazenamento de águas, como cisternas, açudes, etc. Durante o processo de dessalinização há formação do permeado (água potável) e concentrado (rejeito), sendo que este último pode ser diluído com a própria água de alimentação para fins de reciclagem, criação de peixes e irrigação de plantas halófitas, evitando impactos ambientais. Mesmo assim, parte do concentrado é devolvido ao solo causando problemas ao meio ambiente.

 

(Marinilson Braga – Ascom/UFCG, com dados da Fundação Certi)


Data: 23/08/2007