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De cada cinco jovens, um não trabalha nem estuda na América Latina

Índice de desemprego é o triplo do de adultos, diz OIT

Um em cada cinco jovens não trabalha nem estuda na América Latina, segundo relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Dos 106 milhões de pessoas de 15 a 24 anos da região, 22 milhões estão nessa situação.

O relatório revela ainda que 31 milhões de jovens empregados trabalham em atividades consideradas "precárias".

"Esse dado se refere às pessoas nessa faixa de idade que recebem baixos salários e não têm nenhum tipo de proteção social. É para isso que o estudo quer chamar a atenção: a importância da geração de trabalhos decentes", diz a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo.

Segundo ela, a realidade é "preocupante". Houve redução do desemprego entre adultos, mas, entre os jovens, ela aumentou. Os dados mostram que 6% dos adultos estão desempregados. Entre os jovens, o índice é quase o triplo: 17%.

Entre os 22 milhões de jovens que não trabalham nem estudam, 72% são mulheres. "O que ainda conta é a divisão sexual, que atribui a elas a responsabilidade pelo trabalho doméstico familiar. Uma parte dessas jovens é mãe. Uma gravidez precoce de uma jovem pobre significa a impossibilidade de ela estudar e trabalhar."

Segundo a OIT, o estudo usou dados de diferentes instituições de cada um dos países para chegar a essas conclusões.

Para o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, da ONG Instituto Sangari, os jovens que não trabalham nem estudam tendem a se inserir na sociedade via subempregos. "Eles também podem virar migrantes ou imigrantes em busca de oportunidades." Autor do Mapa da Violência, estudo feito para a OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos), ele diz que essas pessoas estão num "caldo de cultura da marginalidade e da violência difusa".

Um dado do relatório da OIT que se refere especificamente ao Brasil mostra que há 6,6 milhões de empregadas domésticas no país, na maioria negras, e só 26% têm carteira assinada.

O relatório cita os programas de primeiro emprego de alguns países, mas diz que eles nem sempre funcionam, já que são "interessantes apenas para empresas que contratam os jovens de maneira formal".

No Brasil, após quatro anos, o programa Primeiro Emprego, uma das principais bandeiras da campanha eleitoral de Lula em 2002, não deverá receber verbas a partir do ano que vem.

Já o Prouni é citado na parte que relaciona o estudo à inserção no mercado de trabalho, dizendo que ele "leva educação pública ao interior e combate as desigualdades regionais".

(Folha de SP, 5/9)


Data: 05/09/2007