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Responsabilidade melhora escola

Estudo aponta que desempenho de alunos aumenta quando professores são bonificados e têm de prestar contas

 

A aplicação na rede pública brasileira de um modelo educacional implementado nos anos 80 na Inglaterra e na década seguinte nos Estados Unidos seria capaz de reduzir em cerca de 30% a diferença entre o desempenho do Brasil e o da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no teste do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), de acordo com uma projeção feita pelo Ibmec São Paulo.

 

O estudo levou em conta a melhora apresentada pelos estudantes das escolas nas avaliações governamentais após a adoção do programa e o desempenho nos testes internacionais, criando uma média e aplicando-a aos resultados brasileiros. O modelo em questão, chamado school accountability (responsabilidade escolar), é baseado em três pilares e foi implementado em alguns Estados norte-americanos.

 

O primeiro deles é a elaboração de um currículo único que determina o que deve ser ensinado em cada disciplina a cada ano do ensino, quesito que ainda engatinha no Brasil e está ausente na maior parte da rede pública. Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura terminou no mês passado de elaborar o seu currículo único para o ensino fundamental. O Estado pretende apresentar, até o início de 2008, sua versão para o ensino médio.

 

O segundo ponto é a implementação de avaliações regulares ao final de cada ciclo para medir o quanto cada aluno aprendeu e identificar falhas no processo. Esse é o ponto no qual o Brasil está em melhor situação, já que o Ministério da Educação conseguiu criar uma cultura de avaliação nos últimos dez anos e muitas redes municipais e estaduais também têm realizado anualmente ou a cada dois anos as suas próprias.

 

O terceiro e mais polêmico item é a responsabilização da equipe da escola, inclusive professores, pelo desempenho dos alunos. Esse, que começa a ser discutido agora na rede brasileira de alguns Estados, e que esbarra na resistência de sindicatos, é o que mais mostrou diferença na performance dos estudantes quando aplicado nas instituições americanas. Tanto que, em algumas regiões onde apenas os dois primeiros pontos foram colocados em prática, houve pouca variação no desempenho em avaliação.

 

“De todas as políticas implementadas nos Estados Unidos, essa foi a que mais teve resultado e com custos menores, possibilitando sua ampliação para um número maior de instituições”, explica o economista Eduardo Andrade, professor do Ibmec São Paulo e autor do estudo.

 

“Por exemplo, diminuir o número de alunos por sala de aula para até 15 custou US$ 3,5 mil dólares por aluno ao ano. Já no school accountability, o valor investido é de US$ 447 e a mudança no desempenho é maior”, diz.

 

Pelo programa, para o bom desempenho do estudante, promove-se uma distribuição de bônus em dinheiro para as escolas. Para notas ruins, toda a equipe escolar deve apresentar uma justificativa ao governo e passar por programas de reciclagem. Em último caso, a unidade pode até ser fechada.


Data: 10/09/2007