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Relatório da ONU diz que Humanidade está em risco

Pesquisa mostra que população mundial consome os recursos naturais da Terra num ritmo insustentável

A Humanidade já esgotou a capacidade de recuperação natural da Terra e consome os recursos naturais num ritmo insustentável. O alerta está no maior relatório ambiental já realizado pelas Nações Unidas.

Segundo o estudo, já são visíveis os danos para a saúde, a riqueza e o bem-estar do próprio ser humano. O mais notável, destaca a ONU, é que para a maioria dos problemas há soluções. Falta sobretudo vontade política.

As 572 páginas do 4º Panorama Global do Meio Ambiente (GEO-4, na sigla em inglês) analisam o uso dos recursos naturais nos últimos 20 anos. Organizado pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Pnuma), ele diz que o quadro mundial é de negligência.

- As tendências sobre o aquecimento global, o ozônio, a degradação dos ecossistemas, o uso das reservas pesqueiras e de água doce são alarmantes - disse o diretor do Pnuma, Achim Steiner.

Ele destacou que 60% dos ecossistemas do mundo já foram degradados e continuam a ser explorados de forma insustentável.

O relatório diz que as emissões de gases do aquecimento global devem ser cortadas entre 60% e 80% para que seja possível atenuar as mudanças climáticas.

- A situação só piora. Em parte, porque temos agido lentamente para reverter a degradação. Além disso, a demanda por recursos continuou a crescer - disse Steiner.

O relatório da ONU é uma lista de dados e tendências pessimistas. Segundo o GEO4, três milhões de pessoas morrem a cada ano de doenças transmitidas por água sem tratamento nos países em desenvolvimento. Nos países ricos, porém, o crescimento nos últimos 20 anos foi sem precedentes, o que, para alguns, ajudou a mascarar a gravidade da situação do planeta.

- O ataque aos recursos ambientais está minando muitos dos avanços que a Humanidade já obteve - disse o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

A pesca explora os mares num volume quatro vezes maior do que o considerado sustentável. Espécies de plantas e animais se extinguem 100 vezes mais depressa do que o ritmo natural.

O relatório diz que na África o maior problema é a degradação do solo, agravada pelas mudanças climáticas e por conflitos. Na América Latina, a crescente desigualdade social e o desmatamento são pontos que mais causam preocupação. Na Ásia, o problema que mais chamou a atenção do Pnuma foi a poluição do ar, que provoca doenças e destrói habitats.

Na Europa e na América do Norte, o GEO-4 destaca o uso excessivo de combustíveis fósseis e o consumo desenfreado.


(O Globo, 26/10)


Data: 26/10/2007