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Projeto da UFCG vai capacitar microempresários do setor calçadista

Objetivo é aumentar a produtividade através de noções básicas de administração

 

O Fabricão, primeira cooperativa industrial de calçados do Brasil, localizado no bairro do José Pinheiro em Campina Grande, vai sediar a partir desta semana uma série de palestras e oficinas sobre administração de produção. O workshop, visando ao aumento da qualidade e da produtividade das microempresas ali instaladas, é fruto de um projeto de extensão da UFCG.

 

A cooperativa já recebeu workshops anteriormente, realizados pelo Sebrae/PB. Eram direcionados especificamente para o processo produtivo. “Os microempresários do Fabricão já sabem como gerir bem a confecção e a armazenagem, fazendo produtos de ótima qualidade”, afirma Juliana Wanderley, professora de Administração da Produção da UFCG e coordenadora do projeto.

 

Entretanto, em entrevistas com os microempresários, a professora e os estudantes Stephanie Barboza e Carlos Feitosa diagnosticaram que as 10 empresas do Fabricão ainda têm dificuldades em duas etapas do processo produtivo: a compra de matéria-prima e a absorção dos produtos pelo mercado. Os entraves se devem à atuação de forma isolada das empresas.

 

“Ao comprarem matéria-prima de forma independente e em baixa quantidade, o custo aumenta bastante pois a compra acaba tendo que ser feita no varejo, ou seja, a um vendedor intermediário. Se todas as 10 empresas comprassem juntas, podiam se dirigir diretamente a um fornecedor, garantindo descontos que favoreceriam tanto às pequenas quanto às maiores empresas do Fabricão”, explica Juliana.

 

A união também se faz necessária ao levar o produto ao mercado local, cujas vendas correspondem a apenas 10% de toda a produção. Os outros 90% são direcionados a outros estados do Brasil, como Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia e Acre.

 

Foi a partir dessa necessidade que a professora e os alunos envolvidos no projeto organizaram palestras e cartilhas para uso dos microempresários. “Queremos que, a partir dessa capacitação, eles possam apreender o conhecimento e perpetuá-lo pelas próximas empresas que venham a ser incubadas pelo Fabricão”, diz Juliana.

 

Além disso, o projeto prevê a montagem de um ponto de vendas, que deverá levar o nome do Fabricão. “Desta forma, os empresários não terão que se curvar às exigências de preços dos lojistas e poderão expor seus produtos sob a marca da indústria que compartilham, conquistando cada vez mais seu espaço no mercado”, conclui a coordenadora.

 

Com a proximidade do início das palestras, Stephanie Barboza, voluntária do projeto, sente um frio na barriga. “Estou muito ansiosa com a possibilidade de ajudar tantas pessoas. Desde o começo, quando entrevistamos os empresários, tem sido uma grande lição de vida”. Ela conta que apesar da importância do conhecimento em sala de aula, o projeto é fundamental para o aprendizado das necessidades básicas de um administrador “pé-no-chão”.

 

“É muito mais do que simplesmente falar inglês ou ter vários cursos. O administrador tem que, essencialmente, saber diagnosticar problemas e solucioná-los da melhor forma, o mais rápido possível”, diz a estudante, que está no sétimo período do curso.

 

O Fabricão

 

Criado em 1988 num galpão construído previamente para armazenamento de merenda escolar, o Fabricão tornou-se exemplo para microempresários da área. Atualmente incubando 10 empresas, há uma lista de cerca de 40 empresários, em sua maioria com fábricas caseiras, que desejam aderir à cooperativa.

 

Isso se deve, talvez, aos números da cooperativa. Dados coletados em dezembro de 2005 garantem que a produção é de cerca de 800 mil pares/ano ao ano e que o volume de vendas anuais beira os R$ 6 milhões.

 

(Paula Theotonio, estagiária – Ascom/UFCG)


Data: 04/11/2007