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Finlandeses têm a melhor educação

País ocupa o primeiro lugar na avaliação de estudantes feita pela OCDE; escolas são gratuitas e têm plena autonomia

O sistema educacional finlandês tem sido considerado o melhor do mundo nos últimos anos. O sucesso - que desbancou potências na área, como Japão, Coréia do Sul, França, Suíça - se deve principalmente ao resultado na avaliação internacional de estudantes feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) desde 2000.

A Finlândia ficou em primeiro lugar no exame, entre 41 nações avaliadas. No país, a educação é gratuita e de qualidade para todos - as escolas particulares são raras e não há uma só Universidade privada.

O jovem que abriu fogo ontem numa escola perto de Helsinque provavelmente estudou dos 7 aos 16 anos no que eles chamam de "escola de compreensão", equivalente à educação fundamental no Brasil. O currículo básico nacional inclui disciplinas como artes, música, economia doméstica, meio ambiente.

Muitas das escolas da Finlândia têm prédios projetados para criar um ambiente favorável ao ensino. As salas de aula comuns têm instrumentos musicais, computadores e sofás, além das lousas e carteiras.

O governo federal - cuja presidente é uma mulher, Tarja Halonen - dá plena autonomia às escolas para organizar suas aulas, desde que as crianças absorvam o conteúdo estipulado. O ensino precisa ser dado em finlandês e em sueco, já que o país é bilíngüe. Mas os alunos ainda estudam outras quatro línguas estrangeiras até o fim do processo educacional. Entre as mais comuns, inglês, russo, alemão, espanhol e francês.

Comida, materiais e transporte são gratuitos. Quase sempre, as aulas são intercaladas por 15 minutos de descanso. No Brasil, a educação fundamental termina aos 14 anos, quando começa o ensino médio, que vai até os 17. Na Finlândia, essa etapa se encerra só aos 19 anos.

Os alunos do ensino médio finlandês podem optar por uma escola mais generalista ou pela técnica, voltada ao mercado. Cerca de 60 mil estudantes concluem a escola a cada ano no país e são encaminhados para Universidades ou para os institutos politécnicos, com perfil menos acadêmico.

Segundo a chefe de relações internacionais do National Board of Education na Finlândia, Riitta Lampola, tem aumentando entre os jovens a escolha por estudos menos acadêmicos. Atualmente, 38% vão para o ensino técnico, principalmente os meninos. Só cerca de 5% não cursam o ensino médio e preferem ingressar direto no mercado de trabalho.

Ruas vazias

Com a temperatura média em Helsinque na casa dos 5 graus, os jovens finlandeses reclamam da falta de opções de lazer. À noite, as ruas se esvaziam já no início do outono e permanecem assim até o fim do inverno.

A reportagem do Estado conversou informalmente na semana passada com três jovens inconformados com a vida em Helsinque. "Não temos o que fazer aqui. Não acredito que alguém do Brasil venha para cá", disse um deles.


(O Estado de SP, 8/11)


Data: 08/11/2007