topo_cabecalho
Diversidade na Universidade

Estrangeiros contribuem para o desenvolvimento científico e tecnológico da UFCG

 

O MEC divulgou no início deste mês os nomes de trinta docentes selecionados pelo Programa Professor Visitante Estrangeiro (PVE 2008) que irão participar, a partir do próximo ano, de atividades científicas em 20 instituições brasileiras.

 

Um dos pesquisadores escolhidos é o francês Vincent Bourguet, da Universidade de Paris 6, que virá ao Brasil desenvolver pesquisas sobre microeletrônica e computação gráfica na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

 

“Já conheço a qualidade do trabalho realizado na UFCG. O Laboratório de Informática de Paris (Lip6), onde atuo, e a Unidade Acadêmica de Engenharia Elétrica da UFCG têm projetos em comum, através de convênios internacionais”, explica o doutorando, que deve chegar a Campina Grande em fevereiro.

 

Babel tecnológica

 

Não é de hoje que a UFCG atrai gente de outros países. Desde os tempos da Escola Politécnica, vários estrangeiros, alunos e professores, passaram pelas salas de aulas, laboratórios e núcleos de pesquisa da instituição, contribuindo de forma decisiva para o seu desenvolvimento científico e tecnológico.

 

Muitos jamais retornaram para seus países de origem, decidindo “fincar raízes” no topo da Serra da Borborema. É o caso do atual pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa, Michel François Fossy, na instituição há quase 30 anos. Natural de Saint Denis, capital da pequena Ilha de Reunião, no Oceano Índico, Fossy estudou em Toulouse, na França, onde fez graduação e pós-graduação em Engenharia Química.

 

Veio ao Brasil em 1978, através de um programa de cooperação internacional. “Fui escolhido para atuar na instalação do Departamento de Engenharia Química da UFPB. Ao encontrar-me com o então reitor Lynaldo Cavalcanti, em João Pessoa, fui informado de que meu local de trabalho era em Campina Grande. Estou aqui desde então”.

 

Além de questões profissionais, o jeito acolhedor do povo nordestino também foi decisivo para o alemão Elmar Melcher, da Unidade Acadêmica de Sistemas e Computação da UFCG. Natural de Stuttgart, Melcher é formado em Engenharia Elétrica, tendo feito seu doutorado na Escola Nacional Superior de Telecomunicações, em Paris.

 

No Brasil desde 1993, Melcher atualmente coordena o projeto do decodificador de vídeo MPEG-4, considerado pelo CNPq, em 2005, o melhor projeto técnico-científico do Brasil, e vencedor, no ano passado, do prêmio Best Design IP/SoC, em conferência internacional realizada na França.

 

Para o canadense Jacques Sauvé, a opção por Campina Grande incluiu razões bem menos científicas. PhD em Engenharia Elétrica pela Universidade de Waterloo, Sauvé é casado com uma campinense, que conheceu ainda no Canadá. “Vim com ela”, simplifica o professor, que está na UFCG desde 1982.

 

Mesma motivação teve o professor Hervé Michel Laborde. Natural de Versailles, na França, pós-graduado em Química pela Universidade de Poitiers, está no Brasil há 11 anos, aonde chegou acompanhado de sua esposa, nascida em Campina Grande.

 

Adaptação

 

Tantas culturas diferentes num lugar com costumes tão arraigados, como é o Nordeste, poderiam ter gerado dificuldades de adaptação. Não é o que acontece. Todos os “forasteiros” se dizem muito bem adaptados à região e destacam a hospitalidade dos nordestinos como sua característica mais positiva. “O povo daqui é muito amável”, observa Melcher.

 

Igualmente unânimes, entretanto, são as críticas a alguns costumes locais, como a falta de pontualidade (“não consigo me acostumar ao atraso das pessoas”, confessa Sauvé), a forma como são administrados os órgãos públicos e o “jeitinho” de se fazer política. “São grandes as dificuldades com a burocracia e a lentidão administrativa”, reclama Laborde.

 

Essa opinião é compartilhada mesmo por quem já está aqui há mais de 57 anos. Ulrich Schiel, alemão da Baviera, veio ao Brasil com apenas 5 anos de idade. “Nem sou tão estrangeiro assim”, brinca o professor, que fez doutorado em Informática na Universidade de Stuttgart, na Alemanha. Na UFCG há 29 anos, ele diz que ainda se surpreende com a alegria dos nordestinos, “mesmo diante das dificuldades”.

 

Enquanto prepara a bagagem, Bourguet confessa que ainda não sabe muita coisa sobre a cidade aonde vai passar os próximos anos, mas se diz bastante animado com a perspectiva de trabalhar com uma nova equipe e conhecer uma nova cultura. “Mal posso esperar para descobrir o Brasil e o povo brasileiro!”. Que seja bem-vindo.

 

(Kennyo Alex – Ascom/UFCG)


Data: 24/11/2007