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Discurso - Reitor Thompson Mariz

A Retomada da Interiorização Interrompida

 

Discurso proferido pelo Prof. Thompson Fernandes Mariz, reitor da Universidade Federal de Campina Grande, por ocasião da outorga do título de Doutor Honoris Causa ao Prof. Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque.

 

 

“Senhoras e Senhores Conselheiros da Universidade Federal de Campina Grande;

Senhoras e Senhores Professores, Funcionários e Alunos da UFCG;

Familiares, amigos, ex-colaboradores, admiradores do homenageado desta noite;

Autoridades presentes ou representadas, já nominalmente citadas;

Dr. Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque.

 

É com grande honra e senso de um dever cumprido que chegamos ao fim dessa cerimônia de outorga de título de Doutor Honoris Causa, o primeiro outorgado pela UFCG.

 

Um longo dossiê foi elaborado para mostrar a contribuição do nosso homenageado ao desenvolvimento do Ensino Superior no Estado da Paraíba, o seu incansável empenho no tocante à disseminação do conhecimento científico-tecnológico em todo o território paraibano, e a inegável excelência de sua atuação nos diversos âmbitos e instâncias da Educação. Tal dossiê justifica estar hoje este Conselho Superior reunido, em sessão extraordinária e solene, para prestar tributo, honra e reconhecimento ao Prof. Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque.

 

Toda homenagem prestada ao Mestre não é ainda suficiente para demonstrar a nossa gratidão. Por isso, já no encerramento desta solenidade, invoco um belo e significativo texto elaborado pelo Dr. Lynaldo Cavalcanti, como mais uma homenagem que lhe prestamos. O texto, um discurso intitulado “A Interiorização Interrompida”, foi proferido, em 1997, por ocasião da colação de grau de uma turma concluinte de Engenharia Florestal, no campus de Patos.

 

Nele, o Dr. Lynaldo Cavalcanti, referindo-se à expansão da Universidade Federal da Paraíba, durante o seu reitorado, afirma que assumiu riscos e metas audaciosas, visando estimular o progresso da universidade e da região, por acreditar que a educação pública, em todos os níveis, especialmente o ensino superior, é a mais importante providência para fixação do homem no interior. E cita, em seu discurso, que durante a sua gestão, acreditou nas palavras de Lester Kom, que afirma: “a liderança visionária e não a capacidade administrativa será o modelo mais valioso para o executivo de amanhã”.

 

Gostaria de dizer, Dr. Lynaldo Cavalcanti, que o sonho plantado pela sua liderança visionária, não morreu. Esteve adormecido – É bem verdade! - durante longos anos de retração de governos passados que impuseram, no mínimo, duas décadas de falta de investimento nas Instituições Federais de Ensino Superior. Mas essa realidade, felizmente, vem mudando!

 

Com o indispensável incentivo do Ministério da Educação e com o apoio de parcerias estabelecidas com lideranças locais e regionais, nós, que vimos acompanhando a Universidade Federal de Campina Grande, desde a sua criação, em atitude cujo limite entre o domínio do acerto e o impulso pela vontade de acertar é de difícil precisão, retomamos a interiorização interrompida!

 

Também acreditamos, como o senhor afirma no citado discurso, que “à Universidade cabe o papel de agente de transformações, atuando como instituição que, ao mesmo tempo, viabiliza e apóia as possíveis transformações”. E que “a eficácia de sua atuação dependerá da adequação dos trabalhos desenvolvidos internamente e, sobretudo, da capacidade de interação que apresentar com a sociedade na qual está inserida”.

 

A Universidade Federal de Campina Grande, logo após a sua criação, em 2002, passou por um período de transição para construir um perfil particular que, respeitando a estrutura já existente, pudesse, também, assumir uma feição que justificasse o desmembramento de que é fruto. Passada este fase, passamos a planejar a consolidação de sua nova feição, que incluía um significativo projeto de expansão.

 

Assim, a Universidade Federal de Campina Grande, que foi criada com quatro campi, 29 cursos de graduação, nove cursos de mestrados e três de doutorados, tem hoje, seis campi, quarenta e três cursos de graduação, dezessete cursos de mestrados e oito cursos de doutorado, estando previsto ainda, para os anos de 2009 e 2010, a partir da adesão da UFCG ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, a criação de mais dezessete cursos de graduação. Além disso, começaremos já a planejar, com o apoio da CAPES, um projeto de expansão também para a pós-graduação da Instituição.

 

Senhoras e senhores, conselheiros e autoridades aqui presentes, poderíamos fazer a seguinte indagação:

 

O novo desenho da Universidade Federal de Campina Grande é já suficiente para, dando continuidade histórica ao seu modelo multicampi e indo ao encontro das aspirações de educação, desenvolvimento e cidadania do povo do interior do Estado e da região, cumprir a sua missão? Posso lhes afirmar: certamente, não!

 

Apesar de a Paraíba ter uma histórica importância na interiorização do ensino público superior, verifica-se ainda, no interior do Estado, grandes zonas de exclusão universitária: as diagonais da Zona da Mata (sob a área de influência da UFPB), a do Cariri-Curimataú-Seridó e a do Sertão, estas últimas em pleno semi-árido, sob a área de influência da UFCG, regiões onde a maioria dos jovens em idade universitária, especialmente nos municípios mais distantes, ainda está alijada do acesso aos bancos da universidade.

 

Com a produção técnico-científica que será possível desenvolver a partir da criação de um campus da UFCG em Sumé, pretendemos completar, com toda a capacidade intelectual instalada e produtiva dos campi de Campina Grande e de Cuité, o Triângulo do Desenvolvimento Sustentável.

 

Da mesma forma, com a criação de um campus em Itaporanga, pretendemos ampliar os esforços já envidados pelos campi de Patos e de Pombal, para a formação do Triângulo do Desenvolvimento Agrário.

 

Finalmente, ao pretender levar a Universidade Federal de Campina Grande para São João do Rio do Peixe, cidade pólo geográfico da bacia petrolífera do Rio do Peixe, estaremos, com os campi de Cajazeiras e de Sousa, dando formato ao Triângulo da Educação, Saúde, Cidadania e Meio Ambiente.

 

Com isso, queremos redesenhar, no interior da Paraíba, a geometria do desenvolvimento que só a educação pública superior é capaz de promover, pois acreditamos que a Universidade Federal de Campina Grande dispõe do equipamento social indispensável à vida científica, cultural e econômica da Paraíba.

 

Se nos delongamos nesta saudação final, que se converteu em prestação de contas, é porque, como o ex-reitor da UFRJ, Prof. Carlos Lessa, acreditamos que “o reitor é o guardião das regras de convivência e construção acadêmica”. Internamente, ele terá que dar conseqüência às decisões dos órgãos colegiados, e garantir o máximo de transparência na gestão cotidiana da instituição. Externamente, ele é a voz da Universidade em relação à sociedade civil e política, sendo necessário, portanto, sempre que possível, dar conhecimento à sociedade do processo de transformação por que passa a universidade.

 

Finalmente, com a compreensão de que a melhor forma de homenagear o Dr. Lynaldo Cavalcanti, Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Campina Grande, é dar continuidade à visionária interiorização do ensino superior público por ele planejada, declaro encerrada esta sessão solene do Conselho Universitário”.


Data: 12/12/2007