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Educadores para escolas do campo

Um grupo de 60 pessoas, formado por  professores, assentados da reforma agrária, agricultores e quilombolas, inicia nesta terça-feira, 19, um curso superior de licenciatura específico para trabalhar em escolas rurais. O curso, que tem duração de quatro anos, é oferecido pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), parceira do Ministério da Educação na execução do projeto-piloto do Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação no Campo (Procampo).

 

O projeto é desenvolvido também na Universidade de Brasília (UnB) e nas universidades federais de Sergipe (UFSE) e da Bahia (UFBA). Este ano, as quatro instituições abrirão 220 vagas para os cursos.

A UFMG trabalha há três anos na definição de um programa de formação de professores para as escolas rurais do estado. Em 2005, abriu uma turma para 60 educadores, em projeto realizado com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e com o movimento social Via Campesina. “Essas duas turmas constituem referência para a organização de um curso regular de licenciatura na UFMG destinado à formação de professores para escolas do campo”, explica a coordenadora do projeto, Isabel Antunes.

 

O modelo de licenciatura do Procampo, que começa ser testado na UFMG, está estruturado em oito semestres, nos sistemas de alternância tempo-escola (período de aula na Faculdade de Educação, em Belo Horizonte, nas férias escolares), e tempo-comunidade (espaço mais longo para o educador desenvolver experiências e pesquisas na escola e na comunidade). Ao todo, são 3.705 horas de formação e prática.

 

A primeira etapa do tempo-escola, que é presencial, começa nesta terça-feira, 19, e vai até 14 de março, com até dez horas de aulas diárias. Isabel Antunes explica que os estudantes farão dois semestres de formação básica e outros seis de formação específica em ciências da vida e da natureza ou em línguas, artes e literatura.

 

Inovação

 

Com projeto pedagógico inovador, o Procampo é desenvolvido de forma diferenciada em cada universidade, mas tem em comum o objetivo de articular conhecimentos teóricos e práticos. Para atingir a finalidade, a licenciatura é multidisciplinar, com abordagem das áreas de linguagens e códigos (o aluno é formado para lecionar português, literatura e artes); ciências da natureza e matemática (matemática, química, física e biologia); ciências humanas e sociais (filosofia, sociologia, história, geografia) e ciências agrárias.

 

O programa é uma iniciativa da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/MEC) destinada a formar educadores para as escolas rurais e a aumentar o tempo de escolaridade das pessoas que vivem no campo. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2006, indicam que a escolaridade média da população do campo é de quatro anos. Na área urbana, a média atinge 7,3 anos.

 

Um dos caminhos escolhidos pela Secad para aumentar e qualificar a educação no campo é formar educadores capazes de dialogar com os habitantes da área rural e construir currículos e materiais que atendam as necessidades desse segmento. Para o projeto-piloto, cada uma das quatro universidades públicas receberá este ano R$ 240 mil para custear as despesas do curso. Para desenvolver pesquisas, produzir conhecimentos, materiais didáticos e pedagógicos, cada instituição receberá R$ 300 mil, a serem aplicados em quatro anos. 

 

(Ionice Lorenzoni - MEC)


Data: 18/02/2008