Tradição junina representa ameaça ambiental, diz estudo da UFCG Queima de fogueiras aumenta perigo de desertificação no semi-árido Enquanto o período junino significa, para muitos, alegria, fartura e confraternização, para ambientalistas e pesquisadores, entretanto, uma das tradições da maior festa nordestina representa um grave ameaça ao meio ambiente. “Diante do perigo de desertificação a que está sujeito o semi-árido nordestino, é preciso repensar a tradição de acender fogueiras nos dias de Santo Antonio, São João e São Pedro”, alerta a professora Joedla Lima, da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da UFCG, do campus Patos. Segundo a pesquisadora, que coordena o projeto O Uso da Madeira nos Contos Populares e nas Festas Juninas, com apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Artístico-Cultural (PIBIAC), devem-se criar alternativas que causem menores impactos ambientais. O estudo analisou o volume médio de madeira empregado na confecção de fogueiras, na cidade de Patos, e calculou a área desmatada necessária para suprir a demanda de lenha, com base no percentual de fogueiras acesas em relação ao número de residências no município. “Considerando que 30% das residências acendem uma fogueira no período junino, chega-se a um número de 8.400 fogueiras, o que corresponde a Para a professora, o problema é agravado pela falta de uma cultura que valorize o replantio de árvores na região. “O sertanejo não se preocupa em repor a vegetação nativa, porque pensa que ‘no mato tudo cresce sozinho, não é preciso plantar’, observa. Para minimizar o uso de lenha no período junino, a professora sugere o uso de fogueiras comunitárias (sem aumentá-la de tamanho), fogueiras feitas com material de demolição e até o uso de maquetes de fogueira. “Tudo o que for possível por uma caatinga menos devastada”. (Kennyo Alex, Ascom/UFCG) Data: 26/05/2008 |