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Universidades ajudam a promover inclusão digital

Aprovação no vestibular dá muito mais do que acesso ao Ensino Superior

 

Já em janeiro desse ano, o Brasil tinha pelo menos 7,1 milhões de internautas que se conectavam de suas casas a mais do que tinha em janeiro de 2007. Pesquisa realizada pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) revela que esse número representa aumento de 50% no número de internautas em relação ao ano passado. Navegar na internet é, portanto, uma rotina para milhões de brasileiros. Entretanto, o que para muitos é parte quase natural do cotidiano, para outros ainda é um sonho. Há muitos estudantes que encontram na universidade a primeira oportunidade de navegar regularmente ou até mesmo conhecer a rede mundial de computadores.

O diretor de Tecnologia da Informação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Paulo Fernando Seixas, defende o uso da internet pelos universitários por ser uma importante fonte de busca do conteúdo estudado. "A internet é uma das maiores fontes de conhecimento para o estudante, tanto para fazer trabalhos, como na busca de bibliografias. O universitário obtém as informações que precisa de sua área mais rapidamente", diz Seixas. Segundo ele, com todas as ferramentas que a internet disponibiliza hoje, um aluno universitário precisa dominar pontos importantes para realizar sua interação com a universidade. "Por isso, oferecemos cursos através do FUMP (Fundação Universitária Mendes Pimentel) para capacitar alunos que não tem familiaridade com a rede. Sem o acesso a Internet os estudantes não podem acompanhar o ensino", afirma Seixas.

Quem comprova a grande serventia da rede mundial de computadores na vida acadêmica é a estudante de Direito da FDSBC (Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo), Maria Letícia Roma Salgueiro, 19 anos. Ela, que usa a rede desde os 10 anos de idade, concorda com Seixas sobre a necessidade da ferramenta para a rotina na universidade. "Uso a internet para entrar em contato com grupos de estudos, grupo dos trabalhos, para pegar resumos das matérias de prova, tirar dúvidas e pegar notas. Nós também fazemos trabalhos pela internet", conta a estudante.

Seixas explica que o sistema informatizado da UFMG permite que o aluno consulte diversos serviços da universidade. "É possível verificar o acervo da biblioteca, consultar notas e faltas e também entregar trabalhos e receber o material didático de cada matéria através de uma ferramenta on-line", exemplifica ele. Mas o diretor de Tecnologia da Informação da UFMG não defende o uso da internet apenas pela facilidade que ela traz. "A inclusão digital muda a maneira de pensar do aluno. Ele se torna mais aberto a novos conhecimentos e percebe que a rede pode ser um meio de negócios. Os estudantes podem, além de encontrar informações, montar um portfólio on-line", declara ele.

O estudante do primeiro semestre de Informática da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Leonardo Alves Cândido, é um dos muitos exemplos de estudantes que encontraram na universidade sua oportunidade junto à internet. Ele afirma que ao entrar no curso oferecido pela instituição para introduzir o aluno ao uso do computador e da internet foi possível entender todas as oportunidades dadas pela rede. "Além de fazer pesquisas para os trabalhos, posso consultar o sistema da universidade e também acessar sites de entretenimento", diz. Passado algum tempo, o rapaz já demonstra desenvoltura com a rede e não esconde que já tem recorrido a ela. "Já fiz várias buscas para enriquecer o conteúdo aprendido na sala de aula ou para tirar algumas dúvidas que tenham surgido e não pude perguntar ao professor, nem a meus colegas da classe", conta Cândido.

O professor de Física Computacional da UERJ, área responsável pela inclusão digital dos alunos, Ricardo Arruda, explica que a universidade mantém um curso com quatro níveis para a formação da cultura da informática. "O programa é importante para capacitar o jovem no ambiente da informática", afirma. Arruda explica que são disponibilizados laboratórios para a realização das oficinas e oferecidas ferramentas de apoio necessárias para cada uma das disciplinas. "Toda matéria vista em sala pode ser complementada com o uso da internet. É dada a oportunidade para os alunos de aprenderem a fazer buscas de materiais e assim, aprofundem os assuntos estudados", explica ele.

Arruda diz que muitos alunos não eram familiarizados com a informática e tinham medo de utilizá-la antes do curso. "Alguns alunos acreditavam não serem capazes de dominar o assunto. Após o curso, eles apresentam um bom domínio das ferramentas", diz. Não foi o caso específico de Cândido, que afirma ter escolhido o curso de Informática por já ter certa familiaridade com o computador, embora acrescente que na época ainda não conhecia a internet. "Já tinha intimidade com computadores, mas aprendi a usar a internet no curso de inclusão da universidade. Não sabia que podia encontrar tanta coisa on-line, nem da existência de tantas ferramentas para nos auxiliar", admite.

A estudante Maria Letícia afirma que a internet tem muitas facilidades e deixa o estudo mais objetivo. "Posso encontrar a maioria das leis on-line. Não é mais preciso carregar os livros de legislação, basta digitar o número do artigo e o código em um site de busca que ele encontra sozinho", afirma. Maria Letícia acredita que não seria possível realizar seus estudos sem o auxílio da internet. "Quando precisamos fazer seminários, não conseguiria montá-los sem a internet. Precisaríamos ler muitos livros para conseguirmos todo o conteúdo que apresentamos; encontramos todas essas informações de maneira muito mais objetiva na rede", afirma.

Seixas diz que a internet também facilita a comunicação dos alunos com a própria universidade. "Ele não precisa ir até a secretaria, nem procurar o professor quando tem uma dúvida. Basta mandar um e-mail ou acessar o portal de atendimento ao aluno da universidade". O estudante de Informática, Cândido, afirma que já aprendeu como utilizar as ferramentas mencionadas por Seixas e não hesita em utilizá-las. "Posso entrar na área do aluno, disponível no site da universidade e olhar minhas notas, ver quantas faltas tive em cada matéria e mandar mensagens aos meus professores, sem sair da frente do computador".

O professor de Física Computacional da UERJ diz que o aluno com acesso à internet encontra diversos meios de se relacionar com as pessoas, tanto no âmbito virtual como pessoalmente. "A inclusão digital do estudante o estimula a aprender e a se relacionar. No nosso curso, mostramos a ele que ter ou não o domínio do computador não o torna diferente dos outros alunos, acostumados com a tecnologia, e eles percebem que podem aprender de maneiras diferentes, sem restringir o aprendizado às aulas", reflete Arruda.

O uso da rede deu a Cândido até melhores expectativas em relação ao futuro profissional. O estudante acredita que será mais fácil encontrar um estágio em sua área ou mesmo um emprego com o domínio da internet. "Existem muitos sites de recrutamento nos quais basta fazer um cadastro para ter acesso às vagas. Acredito que terei boas chances de ter uma resposta positiva das empresas ao aliar meu conhecimento com minhas habilidades", aposta o rapaz.

(Portal Universia)


Data: 29/05/2008