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Personalidades lusas entregam manifesto contra acordo da língua portuguesa

Um grupo de personalidades do meio cultural entregou nesta segunda-feira ao presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, um manifesto contra o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entre Portugal e suas ex-colônias, incluindo o Brasil, com 45 mil assinaturas e nove relatórios de especialistas.

 

O poeta e escritor Vasco Graça Moura, que liderou o grupo, disse sobre os textos dos especialistas que "todos estão contra o acordo". Entre os relatórios estão três opiniões inéditas e um texto do historiador Vitorino Magalhães Godinho.

 

O acordo ortográfico da língua portuguesa unifica as variações do idioma e as notáveis diferenças que existem nos países em que ele é falado, especialmente em Brasil e Portugal, o que gerou protestos de intelectuais, políticos, professores e editores de Lisboa.

 

Em meio a grande polêmica em Portugal, sobretudo pelas supostas concessões feitas no português falado no Brasil, em 16 de maio o Parlamento português aprovou o segundo protocolo do Acordo Ortográfico.

 

O propósito do texto, oficialmente partilhado por todos os países lusófonos, é o de padronizar o uso de uma língua que é falada por mais de 200 milhões de pessoas, a maioria deles brasileiros.

 

A ex-ministra da Cultura de Portugal Isabel Pires de Lima foi uma das últimas personalidades portuguesas a se manifestar sobre o assunto ao defender, em artigo divulgado nesta segunda, uma revisão do Acordo Ortográfico.

 

Graça Moura lembrou que quando Pires de Lima ainda exercia a função de ministra, ela já era partidária de que fosse aberto um prazo de dez anos de análise do acordo.

 

O poeta português disse que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em 1990 e deveria ter entrado em vigor em 1994, mas ninguém sentiu necessidade e urgência de aplicá-lo até que alguém resolvesse "tirá-lo do limbo onde estava".

 

O protocolo aprovado pelo Parlamento luso estabelece a entrada em vigor do texto no primeiro dia do mês seguinte à data de sua ratificação por Portugal e pelos Estados da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que ainda não o tinham aprovado.

 

A nova norma tem divido Portugal, onde alguns setores da sociedade entendem que o acordo cede aos interesses do Brasil.

 

No entanto, não faltaram personalidades e autoridades que são a favor do acordo, defendendo que a nova norma contribui para afirmação em nível internacional da língua portuguesa e põe fim ao uso de várias ortografias de um mesmo idioma.


Data: 03/06/2008