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Supercomputador da IBM bate recorde de velocidade

Máquina feita com peças de videogame executa 1 quatrilhão de operações por segundo. Batizado Roadrunner, novo instrumento será usado para monitorar arsenal nuclear dos EUA e também para simular clima da Terra

Um supercomputador militar americano atingiu um recorde histórico de velocidade de processamento ao realizar mais de 1,026 quatrilhão de operações por segundo. A nova máquina é mais de duas vezes mais rápida que o supercomputador mais rápido construído até então -o BlueGene/L, da IBM. O novo computador, batizado Roadrunner (Papa-léguas, em inglês), custou US$ 133 milhões e foi construído por engenheiros e cientistas da IBM e do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos EUA. Ele será usado para monitorar o arsenal nuclear americano.

Antes de ser colocado a serviço da guerra, no entanto, ele também será usado para explorar problemas científicos, como a mudança climática. A maior velocidade do Roadrunner permitirá aos cientistas testar modelos climáticos globais com maior precisão.

Se todos os 6 bilhões de terráqueos usassem calculadoras e fizessem contas 24 horas por dia, levariam 46 anos para completar o processamento que o Roadrunner faz em um dia. A máquina é uma mistura incomum de chips usados em produtos como o console PlayStation 3 e tecnologias avançadas. As lições que os cientistas aprendem ao fazê-lo calcular cada vez mais rápido são consideradas essenciais para o futuro da computação.

A marca ultrapassada pelo computador, o petaflop - 1 quatrilhão de operações por segundo- tem sido buscada por várias potências tecnológicas. Todos vêem os supercomputadores como um símbolo de competitividade econômica. Máquinas em petaflop como o Roadrunner podem mudar a ciência e a engenharia. Os pesquisadores poderão fazer experimentos antes impraticáveis.

Um exemplo disso são os modelos climáticos, que precisam simular o comportamento da atmosfera e dos oceanos de forma cada vez mais precisa. São quatrilhões de operações simultâneas, algo difícil de fazer com os computadores de hoje. Cada nova geração de supercomputadores também produz software e hardware que acabam atingindo os produtos de consumo. Com o Roadrunner foi diferente: a tecnologia comercial, como a do videogame, invadiu a supercomputação.

Embora empresas americanas tenham dominado esse campo desde os anos 1960, a criação do Earth Simulator, no Japão, em 2002, tirou o título dos EUA. Construído para fins pacíficos, o gigante japonês executava 35 trilhões de operações por segundo. O desafio fez o governo americano voltar a investir em supercomputação.

Ao quebrar a barreira do petaflop, a indústria dos supercomputadores conseguiu manter o passo de aumentos contínuos de desempenho, melhorando mil vezes em 11 anos. A próxima marca é o exaflop (1 quintilhão de cálculos por segundo), seguida pelo zetaflop, o yotaflop e o xeraflop.

(New York Times)


Data: 10/06/2008