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UFCG recebe importante acervo histórico digitalizado

Trabalho foi realizado por pesquisadores brasileiros e portugueses durante dez anos e reúne milhares de documentos datados desde o Período Colonial até o Século XIX.

 

A Unidade Acadêmica de História e Geografia da UFCG recebeu recentemente, do Ministério da Cultura (MinC), um kit contendo 299 CDs com milhares de documentos microfilmados e digitalizados que tratam de acontecimentos históricos, políticos, sociais, econômicos, administrativos, diplomáticos, artísticos e científico da Paraíba, enquanto capitania, datadas até o século XIX. O acervo faz parte do Projeto Resgate Barão do Rio Branco, um trabalho feito por pesquisadores brasileiros e portugueses no Arquivo Histórico Ultramarino – Lisboa/Portugal, durante dez anos.

 

O Projeto Resgate é uma iniciativa do MinC, com apoio de instituições públicas e privadas. O trabalho investigou 18 capitanias hereditárias, culminando na descoberta de 300 mil documentos para o Brasil, os quais se referem a correspondências administrativas entre Portugal e suas colônias.

 

Segundo a coordenadora do projeto, Esther Caldas Bertoletti, a doação do kit para a UFCG vai servir de base para pesquisas nos cursos de Geografia e História, porque os documentos contidos nos CDs são registros históricos importantes que enriquecerão os conteúdos programáticos dos dois cursos, “uma vez que narram fatos reais através de correspondências”.

 

A coordenadora do Setor de Documentação Histórica Regional da UFCG, Juciene Ricarte Apolinário, explica que o material também poderá ser consultado por pesquisadores de outras instituições ou demais interessados pelo tema. “Todo o material está sendo catalogado. Em dois meses, no máximo, o conteúdo estará disponibilizado para consulta”, afirmou.

 

Para ela, esta é uma grande conquista para a Unidade Acadêmica das duas graduações e para a UFCG, visto que os kits foram enviados para poucas universidades do Brasil, a exemplo da Unicamp e a Universidade Federal de Pernambuco. Além de encaminhar o material às unidades de História e Geografia, o MinC também enviou uma remessa do kit para a reitoria da UFCG, que teve de encaminhar formulário atestando o recebimento dos kits.

 

O Projeto Resgate Barão do Rio Branco destaca-se em meio aos diversos projetos lançados pelo Ministério da Cultura porque foi produzido como parte das comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil. A proposta  era  recuperar cerca de 300 mil documentos brasileiros referentes ao período colonial e os trabalhos dos pesquisadores foram iniciados em 1995, apesar de já haver um levantamento sistemático desde o final dos anos 80. Essa vasta documentação, organizada, catalogada e amplamente disseminada, abre inúmeras possibilidades de pesquisas sobre o Brasil Colônia.

 

O projeto mobilizou três Ministérios, o da Cultura, que investiu cerca de US$ 1 milhão através de três modalidades: orçamentária, lei de incentivo fiscal e fundo de cultura; o da Educação, que contribuiu por intermédio das universidades; e o da Ciência e Tecnologia, através do CNPq. Pelo menos quatro fundações de amparo à pesquisa também participaram das atividades: as do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O montante investido foi calculado em US$ 2,5 milhões, provenientes dos setores públicos e privados do Brasil e Portugal.

 

Os documentos datam dos séculos XVII e XVIII e tratam da vida pública e privada dos habitantes das 18 capitanias, que atualmente correspondem a 22 estados brasileiros. A Fundação Biblioteca Nacional do Ministério da Cultura ficou responsável por preservar os microfilmes e por duplicá-los para serem disseminados.

 

Curiosidades dos documentos

 

O acervo do Projeto Resgate forma a maior coleção de documentos sobre o período colonial da antiga capitania e trouxe luz sobre fatos pouco conhecidos, além de curiosos, a exemplo da descoberta de cartas escritas para o rei de Portugal por mulheres de militares pedindo para que seus maridos retornassem à terra lusitana. Mostra ainda que a participação feminina na vida social não era tão discreta, como poderia parecer para uma sociedade dos séculos 18 ou 19.

 

Outra curiosidade é a de que, mesmo durante os anos de ocupação holandesa, Portugal se comunicava regularmente com as capitanias invadidas, mantendo-se informado de todos os passos do inimigo. Os documentos apontam que era grande a troca de informações e indicam uma negociação feita por fora entre a coroa portuguesa e os holandeses. O estudo dos arquivos guardados em Portugal abre a possibilidade de os historiadores lançarem um novo olhar sobre o período pesquisado, conforme declarou Esther Caldas Bertoletti.

 

(Rosângela Araújo – Ascom/UFCG)


Data: 18/06/2008