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DF ensina: investimento dá resultado na escola

Gasto mensal de R$ 600 por aluno ajuda a capital a manter melhor média nacional de 1ª a 4ª série no Ideb

Professores com alto nível de qualificação, alunos incentivados a levar livros para casa e, principalmente, um orçamento reforçado por verbas da União. Essa é a receita do sucesso das escolas públicas do Distrito Federal, dono da melhor média nacional entre a 1ª e a 4ª série no Ideb, o índice que mede a qualidade do ensino básico no país

Para especialistas, o bom desempenho da rede escolar de Brasília, confirmado a cada avaliação do MEC, reforça a ligação direta entre investimento e resultado nas salas de aula, como mostra matéria publicada nesta quarta no jornal O Globo.

O gasto de R$ 600 mensais por aluno é garantido pelo fundo constitucional que destina verbas da União para despesas com segurança pública, educação e saúde na capital. Só as escolas recebem R$ 1,8 bilhão por ano do Tesouro, o equivalente a 60% de todo o orçamento da Secretaria de Educação do DF. O dinheiro também é usado para elevar a remuneração dos professores: em Brasília, o salário inicial chega a R$ 3.770, em regime de 40 horas de trabalho com dedicação exclusiva.

- É o melhor salário de professor da rede pública no país. Todas as pesquisas mostram que a remuneração do corpo docente influi diretamente na qualidade do ensino, e a primeira colocação de Brasília no Ideb confirma essa relação - diz a educadora Regina Vinhaes, professora da Universidade de Brasília (Unb) e integrante do Conselho Nacional de Educação.

Na escola campeã do Ideb, atividades extra-classe garantem resultados

"Não basta o cuspe-e-giz". A frase da vice-diretora Bernadete Caparica pode parecer decorada como a tabuada, mas ajuda a explicar o modelo que fez da Escola Classe 314 Sul a campeã do Ideb entre a 1ª e a 4ª série no Distrito Federal.

Com soluções inovadoras, o colégio investe em recursos extra-classe como aulas de informática e uma horta comunitária para reforçar a preparação dos pequenos alunos entre 7 e 10 anos.

O reconhecimento, que se tornou público há duas semanas, já era sentido internamente nos períodos de matrícula. Embora a maior parte dos alunos seja inscrita pelo sistema informatizado da Secretaria de Educação do DF, dezenas de pais dormem na porta da escola para disputar as poucas vagas excedentes.

O envolvimento da comunidade é apontado pelas professoras como um dos trunfos da escola. Incentivado pela direção, o comparecimento às reuniões de pais fica acima dos 70%, o que é incomum na rede pública. As folhas de exercícios ainda são impressas no velho cachacinha, o mimeógrafo a álcool. Mas as provas já saem de uma copiadora comprada com a receita da festa junina do ano passado, que também pagou as novas cortinas das salas de aula.

A busca por doações e parcerias com ONGs e empresas locais dá à escola a chance de competir em pé de igualdade com a rede privada. Um convênio com a empresa de distribuição de energia cedeu sete computadores para um laboratório, e uma parceria com o Rotary Club garante a visita quinzenal de um agrônomo para corrigir o solo da horta.

(O Globo Online, 2/7)


Data: 02/07/2008