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Expansão das Universidades depende de mudanças estruturais, dizem reitores

Dirigentes de Ifes avaliam as mudanças promovidas pelo Reuni e dizem que ainda falta muito para melhorar a educação superior no país

O impacto do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), lançado pelo governo federal em 2007, é ainda muito pequeno, tanto do ponto de vista quantitativo como da qualidade. Essa é a avaliação do reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, que participou nesta terça-feira de um simpósio na 60ª Reunião Anual da SBPC.

“Apesar de apoiar abertamente o Reuni, e lutar por ele na minha universidade, creio que seu impacto é ainda muito incipiente”, diz. A seu ver, o programa não tem força suficiente para mudar o quadro de desigualdade presente na educação superior do país, que inclui apenas 12% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos, e somente 6,5% daqueles que vivem no Nordeste. Para efeito de comparação, a Argentina possui 37% dos jovens na mesma faixa etária no ensino superior; Cuba, 50%; e Coréia do Sul e EUA, 60%.

“As 600 mil vagas que o Reuni deve criar até 2012 não modificam essa questão do acesso ao ensino superior. A universidade tem sido um mecanismo de reprodução das elites, e é isso que precisa mudar”, diz Teixeira.

Arquimedes Diógenes Ciloni, reitor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e um dos participantes do simpósio, discorda de Teixeira quanto aos resultados do programa. “O impacto do Reuni deve medido de forma racional. É pequeno para aquilo que precisamos e desejamos, mas dobra o número atual de alunos nas Universidades federais. Então podemos dizer que ele tem um grande impacto para a conjuntura atual, mesmo estando longe do que a gente espera alcançar ao longo das próximas duas décadas”, avalia.

Ele ressalta que o Reuni era uma reivindicação antiga dos dirigentes de universidades federais, principalmente a partir da década de 90, quando o sistema de ensino superior público sofreu um processo de redução contínua de recursos. Entre 1995 e 2001, explica Diógenes, as universidades federais tiveram uma diminuição de 24% na verba de custeio e de 77% na verba para investimentos.

“Mas, mesmo sem condições e com um grande déficit financeiro, fizemos uma expansão”, disse Ciloni, que foi presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) na gestão 2007/2008 e acompanhou muito de perto a implementação do Reuni.

Apesar de ir ao encontro da proposta apresentada pelos reitores ao governo federal em 2003, adverte o reitor da UFU, o programa atual não resolve questões como a situação dos hospitais universitários, que acumulam dívidas, e da carência no quadro de funcionários técnicos-administrativos.

Para Aloísio Teixeira, outro ponto que deve ser debatido é o modelo fragmentado de profissionalização adotado pelas Ifes. “Continuamos, como antigamente, formando médicos, engenheiros, advogados, e não cidadãos. A educação superior deve ser encarada como um direito à cidadania, e não como uma chave de ingresso no mercado de trabalho, como acontece”, observa.

Plano

O Reuni foi lançado em 2007 com o objetivo de dotar as universidades federais das condições necessárias para a ampliação do acesso e permanência na educação superior, o aumento da qualidade dos cursos e o melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos.

Entre suas metas está a elevação gradual, até 2012, da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais para 90% e da relação de alunos de graduação em cursos presenciais por professor para 18.

O programa, que teve adesão da totalidade das 53 instituições federais de ensino superior (Ifes), prevê um investimento de R$ 2 bilhões até 2011 e a contratação de 15 mil docentes.

(MEC)


Data: 16/07/2008