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A SBPC nas vozes de quem a fez

Ao longo dos seus 60 anos, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) deixou de ser uma entidade voltada apenas para as discussões dos temas relativos ao desenvolvimento cientifico e tecnológico nacional, para se transformar também num fórum privilegiado aos debates das questões de interesse mais amplo da sociedade.

Embora um tanto limitado, este pode ser o resumo dos depoimentos de dirigentes e ex-dirigentes da SBPC durante simpósio nesta terça-feira no Centro de Convenções da Unicamp. A atividade, que contou ainda com a exibição de dois documentários, fez parte da programação da 60ª Reunião Anual da sociedade científica, que prosseguirá até a sexta-feira na Universidade.

Coordenado pelo atual presidente da SBPC, Marco Antonio Raupp, o simpósio contou com a presença dos ex-presidentes Crodowaldo Pavan, Ennio Candotti, Aziz Ab’Saber e Sérgio Ferreira, além de Luiz Edmundo Magalhães e Sérgio Mascarenhas, que ocuparam funções de destaque em variados períodos na entidade.

Para Pavan, a fundação da SBPC foi tão importante para o desenvolvimento da ciência do país quanto a criação da Universidade de São Paulo. “O Brasil só tem lugar de destaque no ranking de países com pesquisas de qualidade voltadas à agricultura graças ao investimento feito na área. E a SBPC sempre brigou por esse tipo de valorização da ciência”, afirmou.

Sérgio Mascarenhas destacou igualmente a importância histórica da entidade, mas preferiu refletir sobre o futuro. “Penso que está na hora de construirmos uma nova cultura no país, e a SBPC tem um papel importante nessa tarefa. O Brasil precisa de educação, mas também necessita de cultura. A cultura a que me refiro é aquela que nos permitirá deixar de sermos exportadores de commodities para nos transformarmos em exportadores de conhecimento. Ciência e cultura são essenciais a este país”, sentenciou.

Luiz Edmundo Magalhães, que ocupou a secretaria geral da SBPC, destacou a luta da entidade para a constituição das agências de fomento em vários estados brasileiros. Ennio Candotti, por seu turno, lembrou que muitas das conquistas alcançadas pela sociedade científica somente foram possíveis após a superação de diversos obstáculos, inclusive internos.

“A história da SBPC não pode ser contada apenas por meio das glórias obtidas. Nós também tivemos muitos soluços”, assinalou. Segundo ele, a entidade mantém algumas bandeiras hasteadas, entre elas a defesa da dignidade no exercício da função pública. “Esta, mais do que nunca, é questão fundamental ao desenvolvimento do país”.

Na linha da superação das dificuldades, Sérgio Ferreira recordou que um dos principais desafios que teve de transpor como presidente da SBPC a manutenção financeira da entidade. “Quando fui presidente, entre 1995 e 1999, não havia os problemas políticos da época da ditadura, mas em compensação também não havia dinheiro”. Aziz Ab’Saber encerrou os depoimentos saudando os jovens presentes ao simpósio.

“Eu só continuo acreditando no país por causa da juventude”, disse. Ainda segundo ele, os novos cientistas têm que dar importância tanto para o desenvolvimento quando para a aplicação da ciência. “Um país como o Brasil precisa empregar o conhecimento científico para resolver problemas mais prementes da sua gente”, concluiu.


(Assessoria de Comunicação da Unicamp)


Data: 16/07/2008