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Ensino médio agora tem ''pós-graduação''

Em busca de profissionais qualificados, empresas se unem a escolas em cursos especiais de nível técnico

A necessidade de mão-de-obra qualificada em alguns setores tem levado empresas e instituições de ensino a buscarem soluções para o "apagão profissional". Este mês, a IBM lançou, em parceria com o Centro Paula Souza, um curso gratuito de Especialização Técnica na linguagem de computador Java e nos softwares WebSphere e Rational. O curso é voltado a profissionais que terminaram o ensino médio técnico.

"É o primeiro curso pós-técnico do Paula Souza", diz Paulo Henrique Chíxaro, diretor de uma das unidades do centro estadual de ensino técnico. Após uma série de avaliações, a lista de aprovados foi divulgada esta semana, e as aulas serão realizadas nas escolas técnicas de Americana, Hortolândia e Jundiaí. O Centro Paula Souza administra, no total, 141 Escolas Técnicas (Etecs) em São Paulo.

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IBM treinou os professores e forneceu laboratórios e material para a realização do curso. "Tanto o ensino médio técnico quanto a graduação dão ao estudante uma visão mais geral", diz Sirlene Toledo, gerente de parcerias educacionais da IBM. "Na graduação, existem cursos de pós, extensão e outras opções para obter conhecimento específico. No nível técnico, isso não existia."

Ela afirma que o curso permitirá que os profissionais, após seis meses, entrem rapidamente no mercado de trabalho. "Há uma demanda muito grande por esse pessoal. Até 2010, o mercado de tecnologia brasileiro terá um déficit de 100 mil profissionais", diz. A própria IBM tem 1,5 mil vagas em aberto em diversas áreas. "Estaremos de olho em alunos desse curso e dos próximos que vêm por aí."

Ela conta que, como a procura pelo pós-técnico foi grande, a IBM e o Paula Souza já fecharam a criação de um novo curso, com especialização em Mainframes.

"Muito trabalho dentro de TI pode ser feito por profissionais com ensino médio técnico, o que não quer dizer que a graduação não é necessária", diz Sirlene. "Essa é uma forma de inseri-los mais rapidamente no mercado, e depois tornar mais fácil a escolha de uma área de graduação para seguir, já com a carreira em andamento."

Segundo Chíxaro, a parceria já despertou o interesse no centro de buscar a criação de pós-técnicos em outras áreas. "Além de tecnologia, o modelo pode ser aplicado no ramo da saúde, que também exige conhecimentos específicos", diz. "A sociedade só tem a ganhar com esse tipo de investimento."

Profissionalizante

Outras empresas buscam parcerias com escolas profissionalizantes, também pós-ensino médio, para encontrar profissionais qualificados. É o caso da Copagaz e da Lanxess, entre outras, que são parceiras do Instituto de Formação Profissional Administrativa (IFPA), que oferece cursos na área de gestão.

"A idéia é qualificar profissionais rapidamente. Os cursos duram dois anos e são ministrados em alemão para estudantes que terminaram o ensino médio. Cerca de 30% do curso é feito em sala de aula, e o restante em forma de estágio nas empresas parceiras", diz Andréas Bossert, diretor do IFPA.

"Esses profissionais recebem formação específica e, como convivem conosco, aprendem a cultura da empresa", diz Ludovico Martin, gerente de RH da Lanxess. "É primordial para o desenvolvimento do País que o contato escola-empresa comece ainda no ensino médio, pois para algumas funções não há profissional pronto."

Iuri Helfstein e Diogo Shibata são dois dos alunos do IFPA que fazem estágio na Copagaz. "Optar por um curso pós-ensino médio foi bom porque conseguimos aliar juventude e experiência", diz Shibata.

"Muitas empresas querem profissionais com boa formação, mas também com experiência - coisa que só o ensino médio e a graduação infelizmente não fornecem." Helfstein, que, além do IFPA, cursa Ciências Econômicas na PUC, diz que a rotina é puxada, mas válida.

"Conhecer uma empresa por dentro me ajudou a escolher mais acertadamente o curso superior."


(O Estado de SP, 17/7)


Data: 17/07/2008