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Por que divulgar ciência no Brasil?

“Parte bastante representativa da sociedade está composta por grande número de ‘analfabetos científicos’, que, por não compreenderem o impacto dos avanços científicos e tecnológicos em suas vidas, não conseguem opinar ou tomar decisões sobre os rumos que devem tomar as pesquisas que eles mesmos ajudam a manter com o pagamento de impostos”, declarou a jornalista Alicia Ivanissevich, do Instituto Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SPBC), ao apresentar o problema que o Brasil enfrenta e um dos principais motivos que justificam a necessidade de divulgação da ciência no país.

 

Ganhadora, na categoria Jornalismo Científico, do Prêmio José Reis de Divulgação Científica 2008 do CNPq, a jornalista falou sobre a missão de divulgar a ciência no Brasil durante a 60ª Reunião da SBPC, na Universidade de Campinas, São Paulo, nesta terça-feira (15/7).

 

Para uma platéia de jornalistas, pesquisadores e dirigentes de instituições científicas, Alicia apresentou dados sobre a deficiência do ensino da ciência no país, como os resultados das últimas avaliações nacionais e internacionais para disciplinas científicas, matemática e leitura, como a Prova Brasil, o Enem e o Pisa, onde os brasileiros alcançaram notas baixas e ficaram entre os últimos colocados no ranking dos 57 países estudados.

 

Em 1961, o médico José Reis, em seu livro Iniciação a Ciência, de 1962, já retratava esta situação: “De tal modo é ainda livresco, pretensioso, estéril o ensino da ciência, que continua a incorrer no vício há tanto estigmatizado de diminuir a originalidade do aprendiz. Porque ciência é, no fundo, originalidade, é iniciativa de investigar. Menos que o simples propagar de um corpo estático de conhecimentos científicos interessa incutir no aluno, pela experiência, a idéia de ciência como ‘processo”.

 

Diante deste panorama, a jornalista falou sobre caminhos que podem melhorar este quadro, apontando para a missão do jornalista científico, as assessorias de imprensa e dos pesquisadores na divulgação da ciência. “Apesar das dificuldades que todos os profissionais envolvidos na divulgação científica enfrentam num país com as dimensões e a diversidade cultural do Brasil, considero que muito tem sido feito nas últimas décadas, desde a época de José Reis, que era um dos poucos colunistas científicos na década de 1980. E hoje os jornalistas científicos, junto com os pesquisadores, continuam com um importante papel a cumprir: contribuir de forma decisiva para a construção de uma consciência crítica da sociedade brasileira, por meio da divulgação científica”, concluiu Alicia.

 

Diretamente ligados a essa missão, os jornalistas e pesquisadores que assistiram a palestra interagiram com a ganhadora do prêmio do CNPq, levantando o debate dos problemas que encontram em seus ambientes de trabalho e os caminhos que buscam para resolver. A troca de informações levantou pontos como a falta de material de qualidade que possa ser usado no ensino das ciências, a falta de educadores qualificados e interessados neste ensino e de jornalistas que dêem suporte nessa área, como em assessorias de imprensa das instituições de ciência e tecnologia, que podem divulgar o trabalho que está sendo realizado por seus pesquisadores.

 

Entre os caminhos apontados, está a necessidade da consciência de compromisso social do cientista para colaborar com o trabalho dos jornalistas que divulgam suas pesquisas para a sociedade e um melhor comprometimento por parte dos jornalistas em fazerem reportagens mais equilibradas, que consigam aproximar mundos distantes, como a ciência e as crianças.

 

(Assessoria de Comunicação Social do CNPq)


Data: 18/07/2008