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UFCG inaugura Unidade de Coleta Seletiva Solidária

Unidade fica localizada no bairro Novo Quarenta. A meta é reciclar 25 toneladas de lixo por mês

 

Dia feliz e de resultados, assim definiu o professor Marx Prestes, coordenador do projeto de Extensão de Coleta Seletiva da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na inauguração da Unidade de Coleta Seletiva Solidária da Cooperativa dos Trabalhadores de Material Reciclável (Cotramare), realizada na tarde desta terça-feira, 29.

 

“Resultados de esforço coletivo, de parceria, de resgate e mudança de conceitos”, reforçou, ao falar sobre o comprometimento da universidade com os cooperados e os que trabalham no “lixão” municipal. “Não estamos fazendo caridade, este é um processo social em desenvolvimento”, concluiu.

 

O projeto vem mudando os paradigmas da coleta de lixo na cidade, conscientizando a população sobre a importância de uma separação regular do material reciclável e promovendo o resgate da dignidade humana e profissional do “catador”, quebrando a marginalização social do ofício, segundo a professora Luísa Eugênia Mota Rocha, da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, integrante do projeto. “Uma transformação social lenta, mas que já repercute expressivamente na realidade daqueles que sobrevivem como catadores”, comentou.

 

Em algumas ruas do centro da cidade, e em bairros, como o do Alto branco, Catolé e Liberdade, os cooperados têm coletado o lixo já separado. Instituições públicas, como a própria UFCG, a Embrapa, AGU, INSS e outras também cumprem o decreto presidencial (N°5.940, de 25 de outubro de 2006) que regulamenta a coleta seletiva em órgãos e entidades da administração federal direta e indireta, e delibera sua destinação às associações e cooperativas de catadores. “O sistema Sesi/Senai, a Fiep e Unimed também são nossos parceiros” registrou Luísa Eugênia.

 

Os trabalhadores externaram suas emoções ao falar da mudança nos seus cotidianos, da valorização e restauração da dignidade humana, do respeito adquirido e da amizade, “até já conquistada”, com os moradores das ruas onde realizam suas coletas diárias. “Em menos de um mês na cidade, já me conhecem pelo nome”; “o meu nome e o da guria”; “Quando não passo, no outro dia, me perguntam se eu estava doente”; “Eu não sabia nem o que dizer, hoje me apresento como Reciclagem” e “No lugar onde moro, posso dizer que estou trabalhando” foram algumas das expressões ouvidas, em tom de humildade e orgulho.

 

Representando a Administração Central da UFCG, o diretor do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT), Bráulio Maia, disse está feliz por testemunhar mais uma concretização do que chamou um verdadeiro Projeto de Extensão Universitária. “Uma célula que muda a mentalidade de um mundo, um belo trabalho que merece o reconhecimento da sociedade. Lembro-me que, no início, no âmbito da universidade, os professores envolvidos também foram discriminados”, registrou.

 

Unidade Solidária

 

A Unidade de Coleta Seletiva Solidária, localizada na rua Santa Rita, no bairro Novo Quarenta, tem amplo espaço para estocagem do material coletado, para a dinâmica do processo de comercialização, atualmente definido como mensal, facilitando a contabilidade e administração das cotas dos doze cooperados.

 

“A organização do depósito, e o fato do material oferecido ser limpo agrega um valor enorme ao produto” salientou Maria José Monteiro, presidente da Cotramare, ao falar da receptividade da produção. “Seria bom que os comerciantes nos visitassem, fizessem suas propostas financeiras e reconhecessem a valorização da nossa distribuição”, disse.

 

Para o professor Marx, em entrevista antes do ato religioso que inaugurou oficialmente a Unidade, numa meta de 24 cooperados seria necessária, para a sustentabilidade, a comercialização de 25 toneladas/mês. “Este mês, com os doze participantes, a estimativa é de que sejam comercializadas oito toneladas – na primeira quinzena, quatro foram estocadas – o que representará apenas 2% do lixo coletado na cidade”, disse ao responder se haveria prejuízo aos que continuam sobrevivendo do material enviado ao Lixão, no bairro do Serrotão. Segundo Maria José, 600 pessoas trabalham no Lixão, nos três turnos, coletando resíduos sem segurança alguma. “Sem assistência social, sem saúde, numa ausência de leis”, completou.

 

Maria José também falou da expectativa de crescimento da cooperativa, de forma gradativa, integrando inicialmente dois novos cooperados a cada mês, obedecendo a uma lista de inscrição. “Não podemos trazer todos os interessados de uma só vez. A cooperativa precisa de um tempo, para adequação, e o próprio profissional, para adaptação”, finalizou.

 

(Marinilson Braga - Ascom/UFCG)


Data: 31/07/2008