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A cada três cursos privados, um foi mal no Enade

Praticamente um em cada três cursos oferecidos por instituições particulares foi mal no Enade do ano passado, que avaliou as áreas de saúde, ciências agrárias e serviço social.


Dos cursos de universidades privadas, 31,4% tiveram notas 1 e 2, em uma escala de 1 a 5, no CPC (Conceito Preliminar de Curso). Entre as públicas, o percentual foi de 18,2%. Estão incluídas aí 23 federais, 19 estaduais e 22 municipais.

 

Assim como existem mais universidades privadas com notas ruins, uma fatia menor delas aparece no topo do ranking do Enade.

 

Um terço das graduações oferecidas por instituições públicas tirou notas 4 e 5, o que se repetiu somente com 10,4% dos cursos privados.

 

O curso de radiologia do Centro Universitário São Camilo, na cidade de São Paulo, foi o único, de 1.074 privados avaliados, que recebeu a nota máxima no Enade.

 

Conceito Enade

 

Se for considerado o conceito Enade, que mede o desempenho dos estudantes universitários na prova, o número de cursos com nota máxima aumenta -são quatro.

 

O aspecto em que as universidades particulares mais se destacam é o que diz respeito ao conhecimento agregado pelas instituições ao aluno durante o curso, medido pelo conceito IDD (Indicador de Diferença de Desempenho).

 

Nesse quesito, 42 cursos de universidades privadas obtiveram nota máxima. Na maioria deles, os alunos tiraram médias consideradas baixas ou regulares no Enade, mas demonstraram ter adquirido muito conhecimento durante a sua graduação. É o caso da Unip, a instituição que teve mais cursos que receberam nota 5 no IDD -são quatro.

 

Ainda que o chamado "efeito instituição" seja o que reflita uma comparação mais favorável às universidades privadas, elas estão em situação pior do que as públicas mesmo nesse quesito. Das instituições privadas avaliadas, 34,8% tiraram as notas mais baixas de acordo com esse critério. O percentual entre as públicas é de 27%.

 

Mais qualidade

 

Especialistas procurados pela Folha disseram que orçamento maior, professores e alunos mais qualificados e melhor infra-estrutura são os fatores responsáveis pelo desempenho superior das instituições públicas em geral comparadas às particulares.

 

"Mais uma vez se verifica que as [instituições] públicas estão muito bem situadas em todos os cursos, mostrando que, de fato, o sistema público tem grande qualidade", disse o reitor Amaro Lins, presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior).

 

Para Roberto Lobo, ex-reitor da USP e consultor na área, algumas universidades públicas se destacam pela produção de conhecimento. A maioria, no entanto, restringe sua atividade ao ensino, "o que o setor privado faz", afirma.

 

"O setor privado hoje no Brasil não tem condições de investir fortemente em pesquisa, porque custa muito. Um docente em tempo integral é muito caro, o custo da pesquisa é muito caro", avalia Lobo.

 

(Folha de São Paulo)


Data: 07/08/2008