Artigo - Academia, Democracia e Burocracia: Os Números da UFCG Por Péricles Rezende Barros O Colegiado Pleno da UFCG aprovou não respeitar recomendação da Procuradoria Federal para que a legislação federal vigente fosse respeitada, decorrente de solicitação nossa de avaliação da legalidade da norma aprovada para eleição, solicitada por diversos docentes aos quais represento. Nos Centros onde foi ouvida a opinião docente através de reuniões Contrariando a manifestação de uma parcela considerável dos docentes, mais uma vez, o Colegiado Pleno da UFCG desrespeita a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) e as Leis Federais que regem o assunto. Como estamos O que representa a paridade em termos numéricos? Segundo dados fornecidos pela SRH da UFCG, de julho de Nos Centros, tomemos como exemplos o CCT, CH e CFP. O CCT tem 140 professores, 102 funcionários e uma relação 1,37 Prof./Func. O CH tem 160 professores, 99 funcionários e uma relação 1,62 Prof./Func. Finalmente, o CFP tem 92 professores, 68 funcionários e uma relação 1,35 Prof./Func. Nestes Centros, a distribuição por Unidade Acadêmica é a seguinte:
Considerando que as eleições para Diretor e Coordenadores Acadêmicos devem seguir as mesmas diretrizes da eleição para Reitor, e como as atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão são realizadas apenas nas Unidades Acadêmicas, então analisemos o impacto nestas. No caso de uma eleição com paridade (pesos iguais para os três segmentos) a relação professores/ funcionários (Prof./Func.) também é igual ao valor do voto de um funcionário em relação ao voto de um professor. Na maioria dos Centros o valor do voto do professor vai ser inferior ao dos funcionários. Na UAEM-CCT o voto de um funcionário vale 1,09 vezes o voto de um professor. Na UAF-CCT vale 2,7 vezes mais, na UADI-CCT vale 4,0 vezes e na UAME-CCT 4,8 vezes mais. Nas unidades acadêmicas do CH o voto de um funcionário vale em torno de duas vezes o voto de um professor. No caso do CFP a relação sobe ainda mais de modo que em algumas unidades o voto de apenas 01 funcionário vale o mesmo que a totalidade dos votos de todos os docentes! Observem que na avaliação acima são números que desconsideram todos aqueles anos de formação (mestrado, doutorado) e experiência pela atuação acadêmica (Ensino, Pesquisa e Extensão). Para se saber o que se pensa a seu respeito, seria educativo que os docentes tomassem conhecimento da íntegra da reunião do Colegiado Pleno. Já tivemos paridade em tempos de UFPB: Quais foram os ganhos acadêmicos (além do horário corrido e o restaurante grátis)? Os alunos vão ter acesso a uma educação de melhor qualidade? Os critérios acadêmicos serão predominantes? O trabalho docente e toda a formação necessária para exercê-lo estão sendo desvalorizados? Está ocorrendo uso político-partidário ou ideológico da Universidade? Nossa mensagem (como educadores) aos alunos e à comunidade é desrespeitar a lei quando for contrária a ela? Afinal, o que se ganha com tanta democracia popular? Alcançamos a vitória da Burocracia sobre a Academia? Com a palavra os Professores. E a Sociedade (que numa democracia tem suas aspirações concretizadas através do seu Legislativo). Claro que temos que ter cuidado com a patrulha ideológica. Numa pesquisa realizada pela USP em 20 das melhores Universidades do mundo contatou-se que em nenhuma existe uma legislação tão participativa quanto a que é estabelecida na LDB. Em quais países existe a paridade e quais os resultados? Como se escolhe dirigentes universitários nos países ditos socialistas atuais (Cuba, China, Venezuela) ou do passado (URSS, Polônia, Hungria etc.?) O mundo todo está errado? Mais uma vez aos docentes resta o caminho judicial (Ou relaxar e se divertir?).
Péricles Rezende Barros é representante Docente do CEEI no Colegiado Pleno da UFCG. Data: 27/08/2008 |