topo_cabecalho
Franceses elogiam programa de Aids no Brasil

Para vencedores do Nobel, país é exemplar no combate à doença

Os franceses vencedores do Prêmio Nobel de Medicina 2008, em reconhecimento à descoberta do HIV nos anos 80, elogiaram ontem, em Paris, a política de atendimento universal e gratuito de pacientes infectados, o uso de medicamentos genéricos e a luta por drogas mais baratas no Brasil. Para Luc Montagnier, entretanto, o País precisa evoluir na atenção aos portadores do vírus que desconhecem o contágio, não são tratados e continuam a disseminar a doença.

Montagnier e Françoise Barré-Sinoussi dividem a honraria com o pesquisador alemão Harald zur Hausen, descobridor da relação entre o papilomavírus humano (HPV) e o câncer de colo de útero.

Em entrevista na sede da Unesco, à tarde, Françoise e Montagnier defenderam esforços governamentais - mesmo em meio à crise financeira - para que a meta de universalização do atendimento a portadores do HIV seja alcançada até 2010.

Questionados pelo Estado sobre a eficiência do Programa DST/Aids do Ministério da Saúde do Brasil, os cientistas elogiaram a política, mas pediram que ela vá mais longe. "A comunidade internacional felicita com razão o tratamento universal aos pacientes com o vírus no Brasil", disse Françoise. "Temos também de louvar a briga pela utilização de medicamentos genéricos, mais baratos. É verdade que o Brasil se mostra um exemplo."

Neste ano, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) não concedeu a patente a um medicamento anti-retroviral. Recentemente, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também anunciou a produção do genérico do anti-retroviral Efavirenz, um dos 17 remédios do coquetel antiaids.

Montagnier fez uma ressalva ao programa. "O Estado brasileiro decidiu tratar há muito tempo todos os seus pacientes contaminados pelo HIV. Mas o problema é que o que são declaradamente portadores são tratados. Os que não são declarados ficam fora de circuito, em especial índios da Amazônia, que não têm acesso aos medicamentos", disse.

(O Estado de SP, 9/10)


Data: 09/10/2008