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Artigo - O “escriba” do REItor, o “Círculo Vicioso” e o “Eixo do Mal”

Por Amauri Fragoso de Medeiros

 

O “círculo vicioso” é grupo que atua através de uma sucessão, geralmente ininterrupta, de atos que sempre resultam numa situação que parece perpétua e cujas atividades estão submetidas a uma direção colegiada oculta e que repousa numa estratégia de infiltração na nossa instituição, por meio da ação coordenada entre os participantes, para eliminar adversários, com objetivo de se manter no poder. Quanto à composição deste círculo, realmente é maior do que um quadrado perfeito, pois temos: “escriba” querendo orientar doutorado de rei, professor 15, ou seja, só dá 15 minutos de aulas, reitor 45, tanto na política, quanto nas irregularidades observadas pelo TCU etc.

 

O termo "Eixo do Mal" foi usado pela primeira vez pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em seu discurso anual sobre o Estado da União, proferido diante do Congresso norte-americano em 29 de janeiro de 2002, Segundo Bush, os três países (seria um triângulo eqüilátero imperfeito?) que constituem o "Eixo do Mal"- Coréia do Norte, Irã e Iraque- possuíam armas de destruição em massa e patrocinavam o “terrorismo” regional e mundial. Acusados de investir em armas de grande impacto, esses "países renegados" representam, segundo a Casa Branca, uma ameaça real à estabilidade global. Desde então o mandato de Bush demarcou-se por ter utilizado este conceito para justificar a sua Guerra Santa particular ao “Terrorismo”.

 

Aqui na UFCG, num artigo publicado no dia 04/11/2208 no informativo “Em dia” o “escriba” do REItor, e discípulo de Bush (pois copia as idéias de Bush), aplicando tal modelo dentro da nossa instituição, mas que na sua visão, é apenas uma minoria, e pelo que entendi naquele texto multi-paragráfico, não ameaçaria em nada o “Círculo Vicioso”. Comparar tal teoria com a UFCG seria demasiadamente exagerado, pois, como sabemos se houver um incêndio na Biblioteca de Bush, o prejuízo será de no máximo 3 livros queimados. Não sei o que aconteceria com a biblioteca de alguns dos componentes do “Círculo Vicioso”.

 

Além disso, o “escriba” do REItor afirmou: “Há um pensamento que afirma que enquanto os homens de bem dormem, os que vivem à margem da sociedade se reúnem e se banqueteiam”. Que sociedade seria esta? Uma instituição ortodoxa? Já que, os pensamentos acerca deste grupo remetem a todos a um ambiente fechado, com regimentos fortes e invioláveis, truculento e altamente insensível com quem diverge de suas idéias. A julgar, pela fundamentação teórica (Bushiniana) do autor desta pérola, imagino a dimensão de sua biblioteca! Ora, a dicotomia entre o bem e o mal remanesce de muito tempo. No entanto, para os componentes do “Círculo Vicioso”, tudo o que constitua forma de os manterem no poder é moralmente bom; tudo o que possa pô-lo em perigo, ameaçar suas polpudas gratificações ou contrariá-los é moralmente do mal. Evidenciando assim, a existência de um relativismo da moral: a moralidade do “Circulo Vicioso” como uma coisa boa e a moralidade do suposto “Eixo do Mal”, do outro lado. Para eles é justo tudo aquilo que conduzir à manutenção do “Circulo Vicioso” no poder, mesmo que para tanto seja preciso mentir, trair, cooptar, etc. Atitudes estas que a moral do “Eixo do Mal” condena. O que é, então, a moral? É a impotência posta em ação, toda às vezes que a luta contra um vício é vencida? Temos que ficar calados, aceitando um resultado maquiado?

 

Com relação a um suposto sindicato pelego, acho que o “escriba” não sabe o significado da palavra pelego. Talvez, o maior desejo do “Círculo vicioso” é que isto fosse verdade, que tivéssemos sindicalistas trocando empregos terceirizados, por apoio na campanha eleitoral. Porém, a ADUFCG, merece respeito, principalmente, de quem não tem história no movimento docente, pelo contrário sempre esteve do lado oposto gozando das migalhas do poder.

 

Quanto ao TCU, o escândalo que envolveu a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec) e o reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, não é novidade, inclusive, este caso apresenta algumas similaridades com o caso do nosso reitor, pois, tanto, o reitor da UFCG, como o da UNB foram multados em R$ 5000,00. É bom lembrar também, que o reitor da UNB proferiu palestra na UFCG em 2007 a convite do reitor da UFCG, numa “curiosa” coincidência.

 

Mas vamos aos fatos, das 45 irregularidades cometidas pelo “eterno” reitor da UFCG, vamos tratar apenas de algumas, para que esta leitura não se torne enfadonha. Para isto, vejamos o que diz o relatório da CGU de 2003: “verificamos que a Pró-Reitoria de Administração (PRA/UFCG) e o Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC/UFCG) deixaram de reter tributos e contribuições da União (IR, CSLL, Confins e PIS/Pasep) das fundações José Américo e Parque Tecnológico, relativos à prestação de serviços de limpeza e conservação, locação de mão-de-obra e outros serviços, no montante R$ 316.993,94, conforme estimativa do Anexo III deste relatório. Também demonstramos nesse anexo, a falta de retenção do imposto sobre serviço (ISS), na importância de R$ 152.881,23, totalizando R469.875,17.” Ainda nesse mesmo relatório, os técnicos da CGU recomendam que a própria CGU dê conhecimento dos indícios de sonegação de tributos a Secretária da Receita Federal e a Prefeitura Municipal de Campina Grande.

Em outra parte do relatório, os técnicos da CGU, com relação a um contrato de prestação de serviços de informática firmado entre a PRA/UFCG e a Fundação Parque Tecnológico no valor de R$ 200.000,00, sem licitação, afirmam: “Observa-se que as atividades relacionadas ao desenvolvimento e implantação de sistema de informática não guardam compatibilidade com as finalidades da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba”.

 

Com relação especificamente ao caso do reitor da UFCG o TCU publicou no último dia 19/09/2008 no Diário Oficial da União, Seção I, (isto não é boato),o resultado do julgamento das contas de 2004 da UFCG. Reproduzo aqui alguns fragmentos, que não são falaços: estando devidamente caracterizada nos autos a prática de atos de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, e infração à norma legal e regulamentar de natureza financeira, tal como previsto no art. 16, inciso III, alínea b, da Lei 8.443/92, impõe-se, dessa forma, que esta Corte de Contas julgue suas contas irregulares, aplicando-lhes a multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, I, do aludido dispositivo legal” (relator Guilherme Palmeira).

 

Além disso, o TCU recomendou: “comunicar à Receita Federal a ausência de retenção de impostos federais nos pagamentos referentes ao Contrato 02/2004, firmados entre Fundação Parque Tecnológico e a Universidade Federal de Campina Grande - UFCG (Hospital Universitário Alcides Carneiro) - Nota Fiscal de serviços 001531”.

 

Com respeito aos cálculos apresentados em nosso artigo anterior, bem que o “escriba” poderia nos mostrar onde está errado. Mais uma vez ele tenta enganar a comunidade induzindo-a ao erro grosseiro, quando insinua que quase 9000 alunos, 500 professores e 400 funcionários estariam doentes ou afastados e não vieram votar. Esta atitude já era esperada, pois, quem acha que um cientista prova suas teorias, é um individualista exacerbado, pois todo novo conhecimento é referendado pela comunidade científica. Se é que uma hipótese dessa possa ser considerada científica, pena tenho eu dos seus alunos. De toda forma lanço um desafio ao “escriba”, mostre um erro nos meus cálculos. Se desejar, pode fazer uma consulta a Unidade Acadêmica de Matemática e Estatística, aliás, seu chefe já fez uma e apresentou na reunião do Colegiado Pleno. O “escriba” sabe que, quem sempre defendeu este tipo de cálculo foi o “Círculo Vicioso”, no entanto na hora que serve para eles, os defende, quando não, deixam de lado. O que acho interessante é que o “escriba”, em nenhum momento, argumentou sobre o desrespeito a resolução que regulamentou a eleição. Isto é o que está em jogo!

 

No geral,  estas coisas acontecem, pois fica patente a diferença na visão de universidade entre as pessoas envolvidas no processo. O que será que distingue os homens e mulheres envolvidas, neste caso? Segundo Marx, uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de suas colméias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo mentalmente, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que já no início deste existiu na imaginação do arquiteto, e, portanto, idealmente. Ele não apenas efetua uma transformação da forma da matéria natural; realiza, ao mesmo tempo, na matéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o modo de sua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade.Em síntese, o homem é um ser intrinsecamente valioso, especialmente enquanto em relações com outros homens, mas que sofre uma dupla “limitação” (natural e social).É importante notar que os grupos que normalmente divergem, apesar de viverem na mesma área geográfica, são espécies diferentes, principalmente evidenciadas no caráter e na moral. Não é a consciência dos homens que determina a sua natureza, mas, pelo contrário, é a sua natureza social que determina a sua consciência. Caro “escriba”, o preconceito é um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas, lugares ou tradições e isto é crime. 

 

Para finalizar, cito o grande pensador brasileiro César Benjamim em seu artigo publicado na Folha de São Paulo no último dia 13/12/2008: “o destino de qualquer pensamento hegemônico é atrair a mediocridade, que adora o senso comum.”

 

 

Amauri Fragoso de Medeiros é professor da Unidade Acadêmica de Física da UFCG


Data: 15/12/2008